O abastecimento de água para os 116 mil habitantes de Bagé, na Campanha, ganhou um reforço de peso no fim de semana. Militares do 3º Batalhão Logístico do Exército (3ºB Log), em parceria com a prefeitura, começaram a levar água para reservatórios de bairros periféricos da cidade.

A participação do Exército é necessária porque a admininistração municipal dispõe de um tanque, doado pela Receita Federal em 2008, mas não de veículo para transportá-lo.

Conforme o diretor operacional do Departamento de Água e Esgoto do município, Eder Dias Pereira, militares do Exército conduzem um caminhão-pipa com capacidade para 30 mil litros de água.

– Se piorar a estiagem, teremos de entregar água de casa em casa. Além do caminhão-pipa, precisaremos ampliar a participação dos militares na operação – diz Pereira.

Desde segunda-feira passada, a prefeitura raciona o fornecimento de água na cidade. Divididos em dois grupos, os 116 mil habitantes do município são abastecidos em dois horários diferentes: metade dos bairros recebe água das 3h às 15h, e a outra parte, das 15h às 3h.

Na tarde de sábado, por alguns instantes, a população imaginou que o fantasma da estiagem estava sendo superado. Ao ver nuvens negras e espessas no horizonte, o motorista Alessandro Silveira, 35 anos, buscou um balde, colocou detergente e uma esponja dentro, e esperou pela queda dos primeiros pingos. Um mês e meio após a última lavagem, o seu Monza azul-marinho, ano 1990, coberto pelo pó, voltaria a ser limpo.

– É um baita presente de Deus! – comemorou Silveira quando 30 milímetros de água desabaram sobre o município.

As precipitações, festejadas pelos moradores, duraram 40 minutos. Tempo insuficiente para reabastecer as barragens Sanga Rasa, Piraí e Emergencial. Em 2010, apenas janeiro, fevereiro e julho registraram chuva igual ou superior à média mensal. Com as precipitações de sábado, o município acumulou 45 milímetros de água – menos de um terço da média do período.

– É preciso chover como sábado outras 10 vezes num intervalo de, no máximo, três dias – disse Eder Pereira.

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