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 | 28/08/2010 08h11min

Superação do Grêmio passa pela união total do grupo, diz psicólogo

Edson Bemvenuti afirma que é hora dos líderes aparecerem no Olímpico

Ana Acker  |  ana.acker@rbsonline.com.br

O técnico Renato já deu o recado - descarta a contratação de um psicólogo para o momento difícil do Grêmio no Brasileirão. O melhor divã para o Tricolor é a conversa de vestiário, acredita o treinador. Na zona de rebaixamento com 15 pontos, o time tenta engatar uma sequência positiva no Nacional. Com psicólogo ou não, a equipe precisa realizar uma pré-temporada emocional para diagnosticar o que está acontecendo com o grupo. A avaliação é de Edson Bemvenuti, profissional da área.
 
– Eu acredito que o primeiro passo seria investigar como está o relacionamento. É necessário observar três coisas: comunicação, liderança e o nível de ansiedade. Eu acho que está faltando isso – salientou o psicólogo, professor do curso de Educação Física da Unisinos.
 
Bemvenuti, que trabalhou no Grêmio em 1998, observa que o time não dá a impressão de união total. O zagueiro Rodrigo foi afastado, mas, pelo que se vê em campo, os problemas de relacionamento não foram plenamente resolvidos.
 
– O grupo não está fechado. Alguma coisa está mal, chamamos isso de coesão de grupo. Em algum lugar há uma falha. Algum indivíduo está prejudicando o grupo. O que a direção, comissão técnica, departamento médico estão fazendo? Na hora em que estão bem, todos elogiam – salientou.
 
O psicólogo, mestre em Ciência do Movimento Humano pela UFRGS, destaca que a recuperação do Grêmio tem que ser focada nos atletas. Nesse ponto entra a contribuição da torcida, que precisa mostrar paciência e apoiar em peso nos jogos no Olímpico, o que não vem acontecendo.
 
Sobre o técnico Renato, Bemvenutti afirma que o treinador tem um perfil aglutinador, quando o Grêmio precisaria de um disciplinador no vestiário:
 
– Há a necessidade de uma liderança. Que líder é esse? O amigo ou o disciplinador? Pelo que se vê, ele não é disciplinador. Renato é aglutinador como amigo. Ele não é o Luiz Felipe Scolari. No caso do Grêmio, agora, é necessário o modelo disciplinador – afirmou.
 
A experiência de quem superou a dificuldade
 
Em 2009, o Fluminense passou 27 rodadas do Brasileiro na zona de rebaixamento. Todas as projeções matemáticas davam como certa a queda do Tricolor para a Série B. No entanto, o time se superou, conseguiu ficar 11 jogos sem perder e se manteve na elite do futebol nacional. Atacante do Flu em 2009, Alan, hoje no Red Bull Salzburg, destacou que o apoio das arquibancadas foi fundamental:
 
– A torcida passou a jogar junto e essa união foi determinante para nossa arrancada. Vivemos numa pressão enorme durante aquela reta final, mas conseguimos manter o time na Série A com muita luta e superação – declarou o jogador.
 
Alan disse que o técnico Cuca foi fundamental na reação, promovendo uma renovação na equipe. A pressão fora de campo era um adversário tão difícil quanto aqueles que o Flu encarava dentro de campo.
 
– Eu, como prata da casa, sofria bastante ao ver o clube numa situação tão ruim como aquela. Precisamos ter muita força de vontade para manter o clube na elite – salientou.
 
Ao comentar a situação do Grêmio, o atacante salientou que o grupo não pode baixar a cabeça, apesar das críticas:
 
– Os jogadores não podem deixar de acreditar no potencial deles em nenhum momento. Isso é o mais importante. Além da união do grupo, o incentivo da  torcida também é importante – destacou.
 
Alguns exemplos de superação no esporte:
 
Ronaldo

Maior artilheiro da história das Copas com 15 gols, Ronaldo sofreu uma convulsão momentos antes da final do Mundial de 1998 contra a França. Com atuação fraca, o Brasil foi derrotado pelos franceses por 3 a 0 e o problema com o Fenômeno foi apontado como o principal motivo do fracasso brasileiro. Em 2000, uma contusão lhe deixou de fora dos gramados quase um ano. Voltou mal, acima do peso. Todos tinham lhe dado o fim. Mas o jogador foi convocado por Felipão para a Copa de 2002 e não decepcionou, se tornando o melhor jogador do torneio e sagrando-se pentacampeão.

Maurren Maggi

No auge da forma, em 2003, às vésperas do Pan-Americano de Santo Domingo, a saltadora Maurren Maggi usou uma pomada cicatrizante pós depilação e foi flagrada no exame antidoping. Condenada, ficou dois anos afastada do atletismo. Casou, teve uma filha e foi morar na Europa. Mas a paixão pelo esporte fez com que a brasileira retornasse às pistas, tornando-se campeã olímpica nos Jogos de Pequim, em 2008.

Seleção feminina de vôlei do Brasil

Depois da derrota para a Rússia na semifinal dos Jogos Olímpicos de Atenas, depois que a equipe abriu dois sets a zero e ganhava o terceiro por 24 a 19, o técnico José Roberto Guimarães usou muito da psicologia para levantar a moral do grupo até os Jogos de Pequim. O fracasso de Atenas poderia desmanchar uma geração maravilhosa do vôlei feminino brasileiro, mas, graças ao trabalho das atletas e da comissão técnica, no ciclo de quatro anos entre uma Olimpíada e outra, foram 130 vitórias em 140 jogos.

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Próximo jogo, 29/08
Brasileirão: Atlético-PR x Grêmio
Horário: 18h30min
Local: Arena da Baixada, Curitiba

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