| 05/07/2010 15h
A torcida brasileira aguarda o substituto de Dunga, mas a CBF já determinou o perfil escolhido. O presidente Ricardo Teixeira declarou nesta segunda, em entrevista ao Bem, Amigos, do SporTV, que o novo técnico precisará fazer uma renovação na Seleção Brasileira, visando o projeto de 2014. O dirigente citou o caso da Alemanha, equipe que tem em seu grupo nove atletas com menos de 23 anos:
– O time da Alemanha tem nove jogadores abaixo de 23, nós temos um. A Argentina tem sete jogadores abaixo de 23, Gana tem 11, e a Espanha tem seis. Logo depois de 90, eu trouxe um técnico que foi o Falcão e foi muito criticado. Ele criou muitos jogadores de futuro. Ele plantou uma semente, mas saiu por causa dos resultados. Exatamente para isso vamos precisar ter a paciência necessária – afirmou.
Sobre a eliminação nas quartas de final para a Holanda, Teixeira reclamou da queda brusca de rendimento da Seleção no segundo tempo. Segundo ele, o descontrole emocional do técnico Dunga na beira do gramado afetou os jogadores:
– Ficou claro no segundo tempo que o time estava profundamente nervoso. Tomamos um gol e começou outro jogo. Não precisava aquela hecatombe – declarou.
– Claro que influencia (o comportamento do técnico). Se sou presidente da CBF e invado o campo para bater no juiz, é claro que influencio todo mundo. No segundo tempo, o nervosismo dos jogadores ficou evidente. O time estava totalmente fora do esquadro – completou.
O dirigente quer uma ligação direta entre as seleções de base e a principal, uma mescla de jovens talentos com jogadores mais experientes. Questionado a respeito da relação com a antiga comissão técnica, Teixeira disparou:
– Quando você nomeia uma comissão técnica bem remunerada, eles precisam ter autonomia para tocar o projeto. Quando você está no meio do Atlântico, não tem como voltar, tem que seguir viagem – salientou.
O presidente negou, no entanto, que tentasse qualquer tipo de interferência no trabalho do técnico da Seleção:
– O técnico está ali para comandar, o médico para clinicar. Cada um precisa tocar sua função. Não houve nenhuma reivindicação que não tenha sido atendida – comentou, explicando a relação entre ele e Dunga.
Trabalho a longo prazo
O comandante da CBF explicou que conversou com Dunga antes de anunciar a demissão via site. Em meio às críticas ao treinador, Teixeira salientou que é preciso analisar o trabalho como um todo, não somente a eliminação. O presidente salientou que o Brasil terá muitas competições importantes nos próximos anos. Ou seja, um trabalho a longo prazo será fundamental:
– Nesse ano, temos cinco amistosos. Ano que vem, temos classificatório para a Olimpíada e Copa América. Em 2012, temos Olimpíada, em 2013 Copa das Confederações no Brasil e em 2014 o Mundial. Já em 2015, a Copa América será no Brasil, depois a Olimpíada aqui – projetou.
O novo treinador já fará a convocação para o amistoso em agosto nos Estados Unidos.
Ricardo Teixeira analisa eliminação para a Holanda: "O time estava totalmente fora do esquadro"
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Steffen Schimidt, AP