| 02/07/2010 05h10min
Pois não é que a profecia se cumpriu?
Há um ano, no dia 15 de junho, escrevi a coluna que reproduzo a seguir. Uma cena real, de bastidores, ocorrida à saída do vestiário do Beira-Rio. Na época, foi aquela conversa: não foi bem isso, não tem como, os árabes não liberam, é puro sonho, muito caro, foi só uma brincadeira. Pois bem: aí está. Era tudo verdade. Sobis errou a data da volta. Prometeu voltar em janeiro, o fez seis meses depois. Acerteu o ano. O namoro vem desde lá. Confira:
A frase é de Rafael Sobis. Proferida em tom enigmático no pátio do Beira-Rio na última segunda-feira. Como se sabe, o atacante do Al-Jazira, time treinado por Abel Braga nos distantes Emirados Árabes, se recupera de uma delicada cirurgia no joelho com os fisioterapeutas e médicos do Inter.
De muletas, Sobis prepara-se para entrar no seu carro. Ao volante está sua mulher, Michele. Um pino colocado na reconstrução dos ligamentos rompidos soltou-se e foi preciso nova intervenção para posicionar um novo no lugar. Perto dele estão três colorados.
Um deles torcedor de extensa folha de serviços prestados, daqueles que tem título patrimonial dos anos 60. Um colorado de respeito, portanto. O outro é integrante do conselho fiscal do clube. E, por fim, a bela filha do colorado de respeito.
Nisso, o pai da linda filha pergunta gentilmente, depois de uma breve conversa sobre amenidades:
- Tu voltas a jogar este ano ainda?
A resposta de Sobis, piscando o olho:
- Esse ano não, mas em janeiro tem pré-temporada em Bento (Gonçalves).
O torcedor, pai da loira de olhos claros, não se contém. Pede para o herói da Libertadores repetir. Como se sabe, Sobis marcou os dois gols da vitória por 2 a 1 sobre o São Paulo no Morumbi, no primeiro jogo da final da Libertadores de 2006. O Inter foi campeão ali. Depois, no empate em 2 a 2 do Beira-Rio, consagrou-se ao cruzar o gramado com uma imensa bandeira vermelha e branca durante a festa do título. Um gesto comovente para os colorados. Sobis não repete a frase que ouriçou seus interlocutores. Preferiu aumentar o mistério com outro sorriso:
- Não, não, deixa assim... Esquece o que eu disse...
O sonho de Rafael Sobis não é tão improvável assim. Se ele foi liberado pelos árabes para se tratar no Beira-Rio, é razoável que complete a recuperação e o seu retorno à condição de atleta jogando ao menos um semestre no Inter, observado pelos mesmos profissionais que agora o acompanham.
Todos ficariam felizes. O Al-Jazira, que receberia um jogador pronto. O Inter, que entraria 2010 anunciando um reforço de Seleção Brasileira, ídolo da torcida e pagando por isso apenas o salário. E, por fim, o próprio atacante, gaúcho de Erechim, que ficaria mais perto da família. Sobis apenas repetiria Nilmar, que retomou a carreira e a Seleção voltando para casa.
- ...Em janeiro tem pré-temporada em Bento - eis a frase de Sobis.
Era tudo verdade, enfim.
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