| 14/06/2010 15h57min
Ainda é pequena a amostragem nesta Copa, mas duvido que algo vá mudar de forma substancial acerca de uma triste realidade.
O futebol africano está chato.
O que antes era drible, agora é passe para o lado.
O que antes era cadência, agora virou correria.
O que antes era bola no chão, agora tornou-se cruzamento para a área.
O que antes era gol e dança, agora virou duas linhas de quatro e ligação direta da defesa para o ataque.
A África do Sul, na estreia, pariu uma bigorna para marcar um golzinho e, a muito custo, empatar com o México do goleiro de 1m74cm e do craque de 37 anos, Perez e Blanco.
Camarões é o que se viu hoje na derrota para o Japão por 1 a 0: uma pobreza técnica tão miserável que até Eto'o sucumbiu.
Da Argélia nem é bom falar. Eliminou o Egito, cantada em prosa e versos como a melhor seleção do continente, para fazer um papelão. Os argelinos perderam para a Eslovênia por 1 a 0 e protagonizaram o pior jogo do Mundial por antecipação.
Gana ao menos venceu a Sérvia. Mas por 1 a 0, gol de pênalti, em um jogo nota 5.
Onde está aquele futebol irreverente que há 20 anos parecia fadado a criar uma escola nova de futebol desde que encontrasse em equilíbrio entre invenção e disciplina tática?
Na tentativa de eliminar a ingenuidade que os fazia dar espetáculo e tomar muitos gols, os africanos foram do 8 ao 800.
Importaram técnicos europeus de terceira linha. Perderam a graça. Aprenderam a fazer duas linhas de quatro e agora perdem do mesmo jeito que antes, só que violentando suas origens. Era melhor antes.
Como não acredito que a Costa do Marfim tenha fôlego e futebol para ser campeã, já dá para afirmar com tristeza: desse jeito, o sonho de Pelé, que um dia vislumbrou um país africano dono do mundo, jamais se tornará realidade.
Triste, muito triste.