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 | 04/05/2010 07h55min

Silas usou briga em campo para incendiar o time no intervalo do Gre-Nal

Técnico se vale de afagos, negociações e até discussões para ganhar o grupo

Luís Henrique Benfica  |  luis.benfica@zerohora.com.br

Não só de boa paz vive o vestiário do Grêmio. Com brigas, negociações e afagos, Silas ganhou o grupo de jogadores. Depois de participar do programa Arena SporTV de ontem, o técnico campeão contou a Zero Hora que incendiou o ânimo do time para o segundo tempo do Gre-Nal aproveitando-se do bate-boca ocorrido entre Rodrigo e Adilson no primeiro tempo.

Tem sido assim o trabalho do técnico. O seu objetivo é criar um clima próximo ao de uma família, onde a solução dos problemas inclui desavenças, contrariedades e entendimentos na marra.

Um dos claros sinais de que a fórmula tem dado certo é o fato de que os jogadores agora permanecem longo tempo no restaurante da concentração trocando ideias após as refeições. É um quadro bem diferente do verificado durante as primeiras concentrações, quando cada um tratava logo de subir para o quarto depois de comer.

Chamou a atenção a atitude inesperada e divertida dos jogadores após o título no Olímpico. Eles invadiram a sala de conferências e interromperam a entrevista de Silas para comemorar com o técnico a conquista, mesmo em trajes íntimos. Segundo Silas, isso demonstra que a sua mensagem tem sido entendida.

A última desavença aconteceu dentro de campo ainda no final do primeiro tempo do Gre-Nal de domingo. Rodrigo e Adilson discutiram e foram a muito custo interrompidos por Ozeia. Quando os jogadores foram para o vestiário, Silas aproveitou o mote da altercação e incendiou ainda mais o ânimo do grupo.

— Usei a discussão para motivá-los. Se querem brigar, que briguem contra o adversário. Aquilo era coisa de jogo, mas é preciso ter feeling para mudar algumas coisas no vestiário — contou.

Muricy Ramalho contou a Silas que fazia isso no vestiário. Chegava a estimular as discussões para o crescimento da equipe.

— Brigas têm de acontecer, fazem parte do jogo. Depois, nos abraçamos e pedimos desculpas.

As preleções de Silas, frequentemente elogiadas pelo presidente Duda Kroeff, são marcadas por manifestações fortes. O técnico cobra atenção do grupo e a todo momento pergunta se os jogadores entenderam a função que precisarão desempenhar em campo.

— Deixo claro para eles que não fiquei até madrugada estudando o adversário a troco de nada. Quero saber se eles afinal estão entendendo. Não quero ninguém fingindo que entendeu — relatou.

Por vezes, Silas troca a cobrança pelo carinho. Foi o que ele fez com Mário Fernandes. Após avisar ao zagueiro que ele havia sido vetado para o clássico, tratou de consolá-lo “por ficar fora do momento de consagração”. Mário quase foi às lágrimas.

Brincadeiras também valem. Presenteado por Jonas com um par de tênis, Silas zombou do reserva Bergson:

— É por isso que você não joga. Não me dá tênis de presente.

O maior orgulho deste técnico foi ter resgatado ao Grêmio a vitória sobre o Inter no Beira-Rio, o que não acontecia havia 17 anos no Gauchão:

— Eles não suportavam mais, e eu sofria junto.

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