| 03/05/2010 04h02min
Ao menos oficialmente, a Fifa não estabeleceu data-limite para o começo dos trabalhos nos estádios para a Copa de 2014. Foi o que a entidade informou a ZH, sábado, por meio de sua assessoria. A data de hoje era considerada no Brasil como prazo final para o pontapé inicial nas reformas ou construções das arenas.
– O prazo foi estabelecido pelo Comitê Organizador Brasileiro, que é responsável, com as autoridades, em entregar os estádios completos e em tempo – disse a Fifa, em referência a 31 de dezembro de 2012 e aos testes na Copa das Confederações de 2013.
Só Morumbi e Mineirão executam trabalhos. Outros 10 estádios, inclusive o Beira-Rio, estão parados. O Inter espera isenção fiscal para a compra do material de construção para as reformas.
A ausência de prazo pela entidade que comanda o futebol mundial não significa relaxamento. Ao contrário:
– A Fifa monitora muito de perto o progresso das obras – afirmou o comunicado enviado a ZH.
O ministro do Esporte, Orlando Silva, já comentou sobre possível corte de cidades. Mesmo assim, Inter e prefeitura asseguram tranquilidade. Segundo o prefeito José Fortunati, homem-forte da sede gaúcha, o Inter está fazendo as adaptações exigidas pela Fifa no projeto. Outra segurança, explica, reside no acompanhamento do arquiteto Carlos de La Corte, consultor técnico do comitê de organização da Copa de 2014 e para quem, conforme o prefeito, o Beira-Rio seria o estádio “mais próximo das exigências”.
Procurado por ZH, o arquiteto afirmou que estava em Londres e, assim, não poderia comentar sobre o Beira-Rio e os outros estádios.
Porto Alegre vive situação à parte, porque o Beira-Rio é um dos três estádios privados, junto com Morumbi e Arena da Baixada. Vice de Patrimônio do Inter, Emídio Ferreira coloca o valor das reformas entre R$ 130 milhões e R$ 150 milhões. Descarta empréstimo do BNDES, mas espera a isenção sobre o material de construção.
– Vamos aguardar até junho. Se não vier, vamos alardear que o governo federal não nos ajudou – afirma.
Aí, diz Ferreira, a solução passará pela venda dos Eucaliptos, novela com fim previsto para este mês e que deve render pelo menos R$ 25 milhões, e aluguel de novas suítes e camarotes no Beira-Rio. O Inter arrecadaria R$ 1 milhão com cada uma das cem unidades arrendadas por 10 anos.
– A Fifa tem sua flexibilidade. Estive na África recentemente e não havia estádios prontos – sustenta Ferreira.
Há um porém: nos bastidores, a Fifa sofre pressões de sócios e patrocinadores devido ao atraso na África do Sul. Por isso, usará a Copa da Alemanha, em 2006, como parâmetro para o Brasil. Tanto que o corte de cidades pode ocorrer já em 2011, apesar de a Fifa ter afirmado, sábado, que não especula sobre sanções em potencial.
Mesmo assim, há preocupação no governo federal. Na última quinta-feira, o ministro do Esporte pediu para que se “apresse o passo”.