| 17/04/2010 03h25min
A jogada costuma se resolver em três tempos. No primeiro, ocorre o passe, que Borges domina, ainda de costas para a área. O giro rápido, praticamente colado ao marcador, usando o corpo como escudo, é o segundo movimento. No terceiro, sai a conclusão a gol, com o pé direito.
Foi dessa forma que Borges marcou o segundo gol do Grêmio na vitória por 3 a 1 contra o Avaí. E tantos outros dos 12 que já contabiliza numa temporada interrompida por 47 dias devido a uma lesão muscular. Trata-se de uma característica que acompanha o centroavante de 29 anos, nascido em Salvador, desde seu surgimento no futebol.
– Eu o vi jogando pela primeira vez no União São João de Araras. O time dele levou 5 a 2 do São Paulo, mas fiquei impressionado com aquele cara que corria como um maluco – recorda o treinador Lori Sandri.
O ano era 2005 e Borges, levado por Lori para o Paraná, marcaria 29 gols. Na temporada seguinte, já seria vendido ao Vengata Sendai, do Japão.
– Borges é o chamado jogador bem plantado. Aquele em quem o zagueiro bate, mas não derruba – define Lori.
Silas não hesita em comparar Borges com Romário no quesito frieza para a definição. Afirma que ele sabe esperar o momento certo para resolver o lance.
– É um dom que ele cultiva desde o tempo do Paraná. Müller também fazia essa jogada de pivô no São Paulo, só que fora da área. Borges é muito forte, protege bem a jogada. Tem muita força na perna – afirma o técnico.
Na visão de Alcindo, hoje com 65 anos, o giro sobre o zagueiro é uma característica que Borges herdou dos antigos centroavantes.
– Eu aprendi a fazer isso com Juarez e meu irmão Alfeu (ex-centroavante de Aimoré, Inter, Grêmio e Portuguesa) – conta.
Quem está dentro de campo também lucra com a companhia de Borges. Jonas sente-se mais à vontade para fazer o papel de segundo atacante, caindo pelos lados. Juntos, eles já marcaram 27 gols no ano, de um total de 54 feitos pelo Grêmio.
– Dos centroavantes com quem atuei, Borges é, disparado, o que melhor faz o pivô e protege a bola – opina.