| 20/03/2010 04h46min
A folha de pagamentos do Grêmio é alvo de divergência entre o vice de finanças, Irany Sant’anna Jr., e o diretor de futebol, Luiz Onofre Meira. Enquanto Sant’anna sugere redução nos gastos mensais, Meira entende que não é possível conquistar títulos com folha abaixo da grandeza do clube.
Computadas as luvas, diluídas em 12 meses, o Grêmio investe hoje R$ 3,5 milhões em salários. Segundo o vice de finanças, o valor supera em R$ 500 mil o previsto no orçamento.
O homem das finanças acredita que o clube deve repensar seus gastos, sob pena de encontrar problemas logo em seguida.
– Achamos que o dinheiro obtido com algumas vendas seria receita permanente e passamos a gastar mais – alerta Irany Sant’anna Jr.
Como o clube trabalha com um déficit mensal próximo dos R$ 700 mil, o dirigente admite que possa haver dificuldades para cumprir compromissos a partir do próximo mês. As parcelas de luvas, por exemplo, só serão pagas quando entrar
a receita gerada pelo Quadro Social.
A
curto prazo, diz Irany, a solução será antecipar receitas de televisão. Como segunda providência, ele sugere não renovar o contrato de alguns jogadores que recebem salários maiores. Trata-se de uma medida impossível de ser colocada em prática, já que o único contrato a ser renovado na metade do ano é o do lateral-esquerdo Lúcio, que se recupera de cirurgia.
Irany também vive a expectativa da assinatura de contrato com uma empresa de telefonia e ações como o Exército Tricolor para aumentar a receita mensal.
Meira diz que não pretende polemizar. Garante, contudo, que os gastos com jogadores costumam superar, no máximo, 10% do valor previsto no orçamento. Para ele, isso seria normal.
– Se o clube tiver uma folha de apenas R$ 1,5 milhão, não terá condições de competir com os outros e acabará na segunda divisão – afirma o diretor de futebol, lembrando que os 55 mil sócios em dia com o clube exigem títulos.
Irany desmente dificuldades
de relacionamento com Meira, que teriam sido
acentuadas a partir do afastamento de Paulo Deitos do comando do departamento amador.
– Não tenho problema pessoal com ele. São apenas questões filosóficas, já que um quer gastar e outro quer conter – sorri.
Conselheiros ligados à direção revelam que Meira irritou-se ao saber que Deitos havia sugerido ao Conselho de Administração, sem consultá-lo, a venda a investidores de percentuais sobre os direitos de jogadores formados na base, como Fernando, Adilson e Maylson. Irritado, exigiu seu afastamento ao presidente Duda Kroeff.
– Pode ter ocorrido um ruído de comunicação, o que gerou todo o desconforto – explica Irany.