| 03/03/2010 08h31min
Campeão gaúcho de 1933, o centenário São Paulo-RG agoniza. Com a penhora das rendas dos últimos jogos, o Leão do Parque, como é chamado em Rio Grande, pode desistir da Segundona. A penúria é tamanha que dirigentes colocaram a imagem do padroeiro do clube no centro do gramado do Aldo Dapuzzo para chamar atenção e pedir ajuda, nem que seja a divina.
Com dívida em torno dos R$ 2 milhões e sem patrocinadores, o clube depende da renda dos jogos para bancar os R$ 60 mil do departamento de futebol. Mas as últimas quatro arrecadações foram penhoradas pela Justiça do Trabalho. No domingo, o São Paulo ficou sem a renda do empate com o Brasil-Pe. A Justiça reteve R$ 17 mil.
— Vivemos do nosso maior patrimônio, a torcida. Tentamos audiências de conciliação na Justiça para penhoras parciais. Com penhoras totais, não há receita. Serei obrigado a fechar as portas — alerta o presidente Jair Rizzo.
Para completar a folha de janeiro, de R$ 34,7 mil, Rizzo parcelou
em 24 vezes empréstimo de R$ 17 mil
feito em seu próprio nome no Banrisul. A de fevereiro vence sexta-feira e seu pagamento é incerto. Assim como a continuidade do time na Segundona. Não há recursos nem para a viagem da delegação para Bagé, onde amanhã deve enfrentar o Grêmio Bagé.
— Como teve bom público domingo, esperávamos receber antes da sexta. Agora, vem esta notícia (da penhora). Se o clube fechar, ficaremos sem emprego até o segundo semestre — lamenta o meia Wagner Rincón.
Técnico do rival Rio Grande, o ex-atacante Toquinho foi revelado pelo clube no final dos anos 70. Voltou ao Aldo Dapuzzo nos anos 90, década em que o clube começou a cair. Desde 2002, o time está na Segundona.
— É uma pena ver o futebol da cidade assim. Pela grandeza do São Paulo, espero que dê a volta por cima — deseja Toquinho
Sucateado por más administrações, o São Paulo perde patrimônio. A Churrascaria Leão do Parque, na área do estádio, foi leiloada por R$ 400 mil. Assim, o clube
perdeu o aluguel pago em produtos alimentícios. As
refeições dos jogadores são doadas. Ontem, eles almoçaram massa, polenta, arroz, feijão e hambúrguer.
— Temos um torcedor que doa uma caixa de banana por semana, outro, tomate, há um que manda duas caixas de ovos. Em troca de placa de publicidade, vêm duas caixas de frango e três de leite — conta o presidente.
O clube também pode perder o aluguel de uma revenda de carros no estádio e que garante a energia elétrica. A dívida com a CEEE é de R$ 222 mil. A taça do título gaúcho de 1933 está escondida. Pelo valor histórico, corre o risco de ser levada pela Justiça.