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Dirceu nega reforma ministerial imediata para contemplar PMDB

Apoio ao governo provoca troca de acusações na cúpula peemedebista

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou nesta sexta, dia 9, que não haverá reforma ministerial antes da aprovação das reformas para contemplar o PMDB. A adesão do partido à base de sustentação é assunto polêmico e já provocou troca de acusações dentro da cúpula peemedebista.

Numa demonstração de que a bancada no Senado está agindo com independência em relação à Executiva e à bancada da Câmara, Dirceu anunciou nesta sexta que o apoio do PMDB no Senado já foi acertado em negociações com o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e o líder do PMDB, senador Renan Calheiros.

O acordo anunciado por Dirceu e por Calheiros prevê a indicação do senador Amir Lando (PMDB-RO) para a liderança do governo no Congresso, a imediata participação de nomes do partido no segundo escalão e um ministério para a legenda após a aprovação das reformas previdenciária e tributária.

As declarações irritaram o presidente nacional da sigla, Michel Temer (SP), que negou a existência de qualquer acordo oficial entre seu partido e o governo Lula. Temer também esclareceu que não tem sua chancela qualquer acerto que tenha sido feito entre o líder do PMDB no Senado e o ministro José Dirceu. O presidente do partido advertiu que a formalização da participação no governo ou na base parlamentar aliada depende da aprovação pelas instâncias partidárias de deliberação. Acrescentou que a posição da Executiva e dos cinco governadores é de que o PMDB se mantenha numa posição de autonomia em relação ao governo, mas de apoio às reformas.

– Não tem acordo nenhum do PMDB com o governo, muito menos com a minha chancela. O apoio do PMDB ao governo precisa ser aprovado pelas instâncias do partido – disse Temer.

Indicado para a liderança do governo no Congresso, o senador Amir Lando (PMDB-RO) reagiu:

— Essas pessoas não controlam a bancada do partido — disse o senador, que já integrava a comitiva de Lula em Rio Branco (AC) com os governadores do Norte.

A ala peemedebista afinada com o governo classificou os três principais descontentes com a aliança - Michel Temer e os deputados Geddel Vieira Lima (BA) e Eliseu Padilha (RS) - como "viúvas de FH". Geddel ironizou o acordo afirmando que estão "enganando o presidente":

– Não digam que têm todos os votos da bancada porque não têm.

Com o apoio dos peemedebistas, seria quase certa a aprovação das propostas do Executivo. No Senado, por exemplo, o governo seria maioria, com 53 integrantes – 14 do PT, 18 aliados e 21 do PMDB. Na Câmara, a adesão poderia atrair 70 deputados do PMDB, a terceira bancada da Casa.
 
Dirceu confirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne na próxima semana com os parlamentares do PMDB e que a forma como o partido dará apoio ao governo no Congresso, nas reformas, será discutida nesse encontro.

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