| 04/12/2009 19h20min
A festa para o sorteio dos grupos da Copa do Mundo só não foi completa porque Pelé não esteve presente. Utilizando a linguagem do futebol, dá para dizer que o Rei do Futebol estava suspenso por causa de cartão. No caso, cartão de crédito. Os patrocinadores do maior jogador do mundo e o da Fifa não são os mesmos e a concorrência impediu a participação do maior nome da história do futebol no evento realizado nesta sexta-feira, na Cidade do Cabo.
Se faltou a majestade de Pelé, sobrou a simpatia de Charlize Theron, mestre de cerimônia do sorteio, a lembrança fundamental de Nelson Mandela, a história viva da África do Sul e a marcante presença da questão racial no país. Foram convidados a subir ao palco dois brancos e um negro: John Smit, capitão do time de rugby, o esporte preferido do país, Matthew Booth, que jogará a Copa do Mundo pelos "Bafana,Bafana", o time de futebol sul-africano, que é a paixão dos negros do país, e Makhaya Ntini, o primeiro negro da seleção africana de críquete.
Durante
a apresentação, os vídeos contaram a história das Copas do Mundo, sempre com referências aos negros e aos africanos. O brasileiro Leônidas da Silva foi destacado na primeira parte, como o primeiro negro a fazer sucesso no Mundial. Costa do Marfim, Gana, Camarões, Nigéria e até mesmo o Zaire foram valorizados por representar a África Negra ao longo dos Mundiais.
Fora do palco, as estrelas foram os treinadores. Carlos Alberto Parreira não ficou muito à vontade ao saber que a sua África do Sul caiu num grupo complicado, com México, Uruguai e França. Bem ao contrário do português Carlos Queirós, que, muito bem humorado, atendeu a imprensa brasileira e não se preocupou com o fato de ter que enfrentar Brasil e Costa do Marfim já na primeira fase. Perguntado se o grupo G, com as presenças de brasileiros, portugueses e norte-coreanos lembrava muito a Copa de 1966, o treinador de Portugal afirmou:
— Para repetir 1966 faltam três coisas: Pelé, Eusébio e Hungria.
E para o Brasil, a dificuldade
de encarar um grupo difícil com Costa do Marfim e Portugal fica amenizada com outros dois fatores: A estreia contra a Coreia do Norte e o fato de fazer os dois primeiros jogos em Johanesburgo, só saindo na terceira rodada para enfrentar os portugueses em Durban. Afinal de contas, o deslocamento dentro da África do Sul era a maior preocupação da comissão técnica, que, segundo o assessor de imprensa, Rodrigo Paiva, volta imediatamente ao Brasil, pois já tem informações suficientes para montar a infra-estrutura para o Mundial do próximo ano.