| 19/11/2009 05h31min
Valdir Friolin
Já escrevi sobre isso. Também já tratei do assunto no Bate-Bola, da TVCOM. Mas diante de tudo o que aconteceu ontem no Olímpico, não há como deixar de retornar ao assunto.
Quando o presidente Duda Kroeff entrou no Sala de Redação para dizer que o Grêmio nunca entra em campo para perder, houve quem desdenhasse. Podia ser só uma frase de efeito. Depois, o time faria corpo mole diante do Palmeiras, perderia de propósito e, assim, diminuiria as chances do Inter de garantir vaga na Libertadores.
Como se viu, o Grêmio entrou
com tudo. Era o que se esperava de um clube campeão do mundo. Venceu o Palmeiras por 2 a 0 e, de quebra, mergulhou o time de Muricy
Ramalho numa crise estratosférica, depois do espetáculo dantesco do atacante Obina e do zagueiro Maurício trocando socos no intervalo.
Aí está uma mediocridade que aos poucos vai morrendo por obra e graça da inteligência. A suspeita de perder para não beneficiar o rival sempre retorna a cada fim de campeonato, mesmo que sem fundamentação de espécie alguma. Travestido de folclore, passa como algo engraçado. Não é. É demagógico, antiético e, pior, pressupõe que os jogadores são todos mercenários prontos a aceitar propostas indecentes.
Foi exemplar o comportamento do time e, especialmente, da torcida no Olímpico. Ninguém lúcido esperava algo diferente, mas sempre vale ressaltar que aquelas suspeitas são apenas isso mesmo: suspeitas. Infundadas. E com matizes de irresponsabilidade.
No ano passado, o Inter venceu Palmeiras e Cruzeiro no Beira-Rio, adversários do Grêmio no G-4 , mesmo quando não tinha mais o que fazer na
tabela. Houve a derrota para o São Paulo em meio à
Sul-Americana no Morumbi, mas desde quando perder para o São Paulo no Morumbi é sinônimo de corpo mole? Este ano, o Grêmio tirou pontos do Cruzeiro e do Palmeiras, inimigos do Inter.
Então, chega desta mediocridade de falar em perder para prejudicar o vizinho. Cada um cuida da sua vida e ficam todos felizes. Para o bem do futebol gaúcho, o reino dos medíocres está ruindo. Sim, por que só os medíocres admitem conjugar o verbo perder com prazer.
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