| 04/11/2009 08h10min
A visão do estádio de Durban, o Moses Mabhida, erguido para abrigar sete partidas da Copa do Mundo de 2010, traz uma pergunta à mente de nós, brasileiros: será possível construirmos algo tão imponente para 2014? Mas esta questão fica para depois.
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Ao custo de 3,1 bilhões de randes (R$ 690 milhões), o novo estádio da cidade portuária ficou pronto em pouco mais de três anos. Operários dão os últimos retoques no acabamento interno e na tela da cobertura. Será inaugurado no próximo dia 29, no clássico local entre o AMAZulu e o Maritzburg United. O estádio será utilizado para jogos da South Africa Premier League até março. Depois disso, passará ao comando da Fifa, até o final da Copa.
Batizado com o nome de um dos principais combatentes do Apartheid — Mabhida é um dos heróis sul-africanos e foi um dos grandes amigos de Mandela; morreu em 1986, vítima de enfarte, aos 92 anos —, o estádio recém teve a grama plantada. A construção contou com alguns detalhes curiosos. Para armar a cobertura, a empresa alemã responsável pela obra foi buscar na Alemanha e na Suíça operários acostumados a trabalhar em grandes alturas, como alpinistas. Serviço para poucos, alegaram.
Um elevador panorâmico, todo envidraçado, chama a atenção de quem caminha pelo complexo. É uma espécie de caixa, que servirá para passeios sobre o arco que corta o estádio de goleira a goleira — não haverá passeios na hora dos jogos, é evidente.
Com capacidade inicial para 70 mil torcedores, o Moses Mabhida está localizado à beira do Índico e compõe um amplo complexo esportivo da cidade, que conta ainda com o estádio dos Sharks, o time de rúgbi local, campos de críquete, de corrida de cães, de cavalos e há espaço até mesmo para golfe e tiro com arco e flecha, esportes levados ao país pelos colonizadores ingleses.
Durban é um pouco de Brasil
Principal porto da África do Sul, Durban tem cara de Brasil. Ao menos das nossas principais capitais. Nas suas ruas, está escancarada a desigualdade social. Ao lado do Hilton, o principal cinco estrelas do centro da cidade, estão os ambulantes, vendedores de chás e ervas medicinais para uma população com pouco acesso a remédios, além de biscateiros em geral e cabeleireiros. Sim, cabelereiros. Em Durban eles estão por toda a parte. Montam barraquinhas nas ruas e oferecem seus serviços a homens e mulheres por menos de R$ 1.
Em Durban, às margens do Índico, a população é formada em sua maioria por negros descendentes na tribo guerreira dos zulus e indianos. Em 1893, em uma primeira leva de trabalharores indianos que cruzaram o Índico a fim de buscar maiores oprtunidades na África do Sul, estava Mahatma Ghandi, então com 24 anos. Apesar da divisão de etnias, o Estado onde localiza-se Durban chama-se Kwa Zulu-Natal.
O comércio local, porém, é famoso pelas lojas dos imigrantes. O Mercado Indiano, com suas lojinhas, que vendem desde curry até pulseiras feitas dos fios dos rabos dos elefantes (na África do Sul, a peça é famosa por, supostamente, trazer grande fortuna a seu possuidor).