| 20/10/2009 07h11min
Diante de 80 mil pessoas no Beira-Rio, o Inter perdia e jogava mal o Gre-Nal 297. Aos 37 minutos do primeiro tempo, Casemiro foi expulso e deixou o time com um jogador a menos. Parecia o prenúncio de uma tragédia colorada e uma epopeia gremista.
— Nem o nosso torcedor acreditava mais, porque tinha sido um péssimo primeiro tempo nosso. Poderia ter virado três ou quatro a zero, porque o Grêmio jogou muito — conta Nilson.
Vídeo: relembre o Gre-Nal do Século
Na verdade, o atacante estava prestes a ter uma das atuações mais decisivas da sua carreira. Com dois gols dele, o Inter virou e conquistou a vitória no Gre-Nal mais eletrizante e
importante da história, válido pela semifinal de Campeonato Brasileiro.
A história escrita no campo começou no vestiário. Perdendo e jogando com um homem a menos, Abel Braga fez uma alteração no mínimo surpreendente, para não dizer suicida. Colocou o atacante Diego Aguirre no lugar do volante Leomir (que anos mais tarde seria seu auxiliar técnico).
Um dos protagonistas da virada, Abel prefere dar mérito aos jogadores. Segundo ele, a reviravolta aconteceu devido à mudança de atitude do time. Vinte anos depois, ele conta o que fez naquele intervalo fatídico:
— Primeiro eu chutei tudo que eu vi na frente. Apelei com eles. Não admitia que a nossa equipe jogasse de forma covarde. Aí eu fiquei quieto. Deixei eles pensarem um pouco e perguntei: "Vocês acham que dá para virar? Se vocês acham que não, eu coloco um jogador para não tomar uma goleada. Se vocês acham que dá, eu faço uma alteração para a gente ganhar o jogo".
Deu certo. O time melhorou bastante. Nilson marcou aos 16 e aos 26 minutos, virou o
jogo e ajoelhou-se ao lado da bandeirinha do
escanteio, em uma cena eternizada na história do clássico. Depois, virou-se para a torcida do Grêmio e acenou com as mãos, como quem diz "acabou".
Com o resultado, o Inter se classificou para a final do Brasileirão, que acabou perdendo para o Bahia.