| 09/09/2009 04h45min
O empate contra o Vitória reacendeu a discussão sobre o estilo de Paulo Autuori. Pela primeira vez o técnico ouviu críticas ao seu estilo acadêmico, pouco afinado com o do clube, marcado pelo aguerrimento. A comparação com Felipão é imediata.
Campeão da Libertadores, o ex-volante Dinho é direto ao dizer que Autuori não tem a cara do Grêmio.
– Foi campeão por onde passou, mas não estamos acostumados com o estilo dele – afirma.
Ao falar de Scolari, Dinho lembra dos churrascos e do chimarrão com os jogadores, sem abrir mão da cobrança forte. Pessimista, vê poucas chances de o Grêmio chegar à Libertadores.
Para o jornalista, cineasta e conselheiro José Pedro Goulart, é importante conservar a tradição do clube. Mas não é preciso deixar a técnica de lado.
– Um dos grandes times montados pelo Grêmio foi o de Telê Santana (1977/1978). Ele era mais Autuori do que Felipão. O chamado Grêmio Show, de Otacílio Gonçalves (1988)
também era assim. Evaristo de Macedo foi campeão da Copa do
Brasil (1997) com um time que unia força e técnica – recorda Goulart.
Capitão na Batalha dos Aflitos, Sandro Goiano não vê perda de identidade. Mas não entende a dificuldade da equipe em vencer fora do Olímpico.
– É um baita treinador. Mas, pelo grupo do Grêmio, já poderia estar melhor – avalia o volante do Sport.
Comentarista da ESPN Brasil e colunista dominical da Folha de S. Paulo, Paulo Vinícius Coelho, o PVC, diz que o problema do Grêmio é o reduzido número de desarmes fora de casa. No Olímpico, a média é de 23 bolas roubadas. Longe de casa, ela cai para 19. Segundo ele, na única vez em que elevou o número de desarmes fora, o Grêmio empatou com o Palmeiras, na melhor atuação fora:
– O Goiás, por exemplo, um dos que mais vezes ganhou fora, é o oposto do Grêmio: média de 23 desarmes em casa e 26 fora.
Para Autuori, as mexidas no time não são uma praxe:
– Que crise de identidade é essa? Nosso
modelo é claro: dois volantes, com um que sai um pouco mais, dois meias
e dois atacantes. Tento acertar a equipe dentro da competição. A forma mais eficiente de marcar é preenchendo espaços.
Pela primeira vez o técnico Autuori sofre críticas com relação ao futebol técnico, em contraste com o histórico de time aguerrido
Foto:
Jefferson Botega