O grave acidente no treino classificatório para o GP da Hungria não mudou as convicções de Felipe Massa. Ainda em recuperação, o brasileiro não vê a hora de voltar às pistas. Em entrevista ao jornal The Guardian, o piloto foi enfático: correr é a sua vida.

– É a minha vida. Para mim, a pior coisa que poderia acontecer seria não poder voltar a correr. Se você não pode pilotar, é terrível. Minha mulher já me perguntou: 'tem certeza que não está preocupado?' Eu sempre respondo: 'não, porque é o que eu gosto de fazer'. Se eu não posso pilotar então não sou a mesma pessoa. Desde que era garoto essa é a minha vida – declarou.

Massa disse que viveu momentos tensos após o acidente. Segundo ele, teve sorte:

– Todos os médicos me dizem a mesma coisa. Se a mola tivesse batido um milímetro para a direita, eu poderia ter perdido a visão. Um milímetro para a esquerda quem sabe? Eu poderia ter tido danos cerebrais. Então eu tive sorte – explicou.

O piloto contou ainda detalhes dos momentos difíceis enfrentados pela sua família. Dias antes do acidente na Hungria, ele falou com sua mulher Rafaela sobre a morte do jovem Henry Surtees. O filho de John Surtees morreu ao ser atingido pela roda do carro de Jack Clarke em uma corrida da Fórmula-2 em julho.

– Eu fiquei chocado com a morte dele. E falei para a minha mulher sobre o acidente de Henry. Eu disse 'isso é algo com que você precisa se preocupar. É algo que não se tem controle. Não é como um acidente normal'. E uma semana depois isso acontece comigo. Ela se lembrou do que eu havia dito – declarou.

Massa revelou ainda como a mulher lidou com a notícia do acidente:

– Quando minha mulher viu o acidente na TV, a primeira coisa que fez foi baixar o volume, porque não queria escutar nada. Ela ligou para minha secretária para organizar o voo, pois percebeu que era grave. Rafael sabe que se eu fico no carro depois do acidente é porque há algo estranho. Ela ficou com muito medo, mas organizando o voo, sua adrenalina ficou muito alta. Quando chegou no aeroporto e ouviu que eu estava na cirurgia, começou a chorar e não conseguia parar – afirmou.

O brasileiro foi submetido a uma cirurgia plástica nesta segunda, que foi bem sucedida. Ele espera fazer testes em karts quando estiver 100%. Sobre o Mundial, ele confia que Rubens Barrichello ainda pode tirar a diferença para o líder Jenson Button.

– Eu cheguei no Brasil seis pontos atrás (se referindo a Lewis Hamilton) e quase ganhei o campeonato. Foi apenas uma corrida. Rubens tem cinco corridas para tirar 16 pontos. É uma grande possibilidade, mas depende do Jenson. Eu acredito que Button decaiu por causa da pressão – comentou.