| 02/09/2009 05h30min
Mauro Vieira
Paulo Autuori bate o martelo e anuncia Fábio Rochemback (foto) contra o Vitória, no sábado, quase antes de ser questionado sobre o que era para ser um mistério profundo. É surpresa promover um recém-contratado ao time com tanta volúpia, sem maiores treinos táticos e técnicos, como se a situação fosse dramática, tipo pânico com tendência a motim?
A resposta é: não.
Adílson e Túlio, Túlio e Adílson, qualquer um deles poderia sair. Que
tirassem no par ou ímpar. E aqui não vai nenhum menosprezo aos dois volantes titulares do Grêmio. Eles têm feito boas partidas no Olímpico. Mas não há como deixar de
reconhecer que Fábio Rochemback, se reeditar metade do futebol que o levou à Seleção Brasileira, é mais jogador. Se Autuori decidisse condenar um deles à reserva, portanto, não haveria injustiça.
Mas os planos de Autuori são outros.
Visivelmente, ele identificou que o drama do Grêmio fora de casa é o meio-campo. Que marca mal e não se soma aos atacantes como faz tão bem no Olímpico. Qual a grande virtude de Rochemback, senão aliar marcação e força ofensiva em doses equilibradas, com direito a golaços de fora da área? Como se sabe, basta abrir o clarão que o novo reforço gremista dispara o míssil. Mesmo se estiver só alguns metros adiante do círculo central. Não importa. Rochemback chuta, com violência rara, emprestando ao setor uma virtude importante.
Autuori vai tornar o Grêmio mais ofensivo e usará o Vitória como cobaia. Mas ele mira um objetivo maior: turbinar o time para, enfim, ganhar pela primeira vez
fora de casa diante do Náutico, nos Aflitos, na rodada
seguinte.
Será uma reengenharia. Túlio vai para a lateral-direita, no lugar de Mário Fernandes, que volta ao lugar de onde não deveria ter saído. É na zaga que o garoto de 18 anos tem potencial para chegar à Seleção Brasileira. Como lateral, é um medíocre. No miolo da área, um horizonte o espera. O sacrificado será Rafael Marques. O meio-campo fica assim: Adílson, Rochemback, Souza e Tcheco. Como o lateral-esquerdo é Lúcio, praticamente um ponteiro com a bola dominada, vem aí um Grêmio bastante ofensivo.
É só reparar nas trocas:
1) Na lateral-direita, quem tem mais ferramentas nas proximidades da área adversária: um zagueiro (Mário Fernandes) ou um volante (Túlio)?
2) Como segundo volante, quem ataca mais? Adílson, que não faz gol, ou Rochemback, que despertou a cobiça dos europeus muito por conta deles?
3) Como zagueiro, quem exibe mais perfil para sair jogando
com a bola no pé? Rafael Marques ou Mário Fernandes?
Como
se vê, Autuori pensa em testar um Grêmio diferente, mais ofensivo. Primeiro, no Olímpico, onde tudo dá certo, para ganhar confiança. Depois, fora de casa, onde as coisas precisam acontecer antes que seja tarde demais.
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