| 27/08/2009 05h52min
Os credores terão que esperar. Para não perder competitividade, o Grêmio decidiu segurar suas maiores estrelas até o fim do Brasileirão. Mantém Victor, Réver e Maxi López, mas não tem previsão de saldar sua dívida com os integrantes do condomínio de credores, que é hoje de R$ 23 milhões.
Por um acordo firmado em 2005, no início da gestão do ex-presidente Paulo Odone, metade do valor de cada venda seria destinada ao condomínio. Hoje, esse percentual está reduzido para 30%. Em junho, foi feito o último repasse, de R$ 800 mil. Se não quita o valor principal da dívida, o Grêmio pelo menos não descuida de honrar os juros gerados por ela. São R$ 300 mil a cada mês.
A contratação do atacante Leandro é a prova de que o futebol é a prioridade. Para facilitar sua liberação, o Grêmio assumiu uma dívida de US$ 300 mil (R$ 555 mil) que o jogador tinha com o Verdy Tokyo.
– Esse era um recurso que iríamos destinar ao condomínio – admite Irany Sant’anna Jr.,
integrante do Conselho de Administração.
Outro exemplo foi a venda dos volantes Thiago Dutra e Bruno Renan ao Villarreal, da Espanha. O valor do negócio – 1,8 milhão de euros (cerca de R$ 4,7 milhões) – foi gasto na compra de Souza, que pertencia ao Paris Saint-Germain.
– Felizmente, os credores têm sido compreensivos. Nenhum deles entrou com ação de execução. A renegociação do patrocínio com o Banrisul vai nos permitir amortizar parte da dívida – acredita Irany.
Jogadores como Danrlei, Fábio Baiano, Beto, Roger, Tinga, Zé Carlos (ex-lateral do São Paulo) e Émerson (volante que teve problemas cardíacos em 2003) ainda têm valores a receber do do condomínio. O técnico Tite e a empresa de Renato Portaluppi estão na mesma situação. Com Luiz Carlos Goiano, Tavarelli, Macedo, Pedrinho (lateral direito), Dauri e Adão a dívida já foi paga. A maior parte dos jogadores é representada pelo advogado Décio Neuhaus.
O que é o condomínio |
- O condomínio dos credores foi criado em 2005, na gestão do ex-presidente Paulo Odone |
- Idealizado pelo advogado Celso Rodriguez, ele previa que 50% do valor de cada venda realizada pelo clube fosse repassados aos credores |
- Em contrapartida, os advogados dos credores se comprometiam a pedir o arquivamento da ação judicial movida contra o clube |
- O condomínio dava fôlego ao Grêmio para administrar suas finanças, sem o risco de penhoras judiciais ou bloqueio online de contas bancárias |
- Se o acordo não fosse honrado, o processo seria retomado |
- Hoje, 30% de cada venda são repassados ao condomínio |
- O condomínio não é composto apenas por jogadores. O maior credor é o empresário Teodoro Pedrotti. Em 1993, sem recursos para cobrir a folha de pagamentos, o Grêmio recorria a empréstimos junto a ele. Hoje, o débito com Pedrotti é de R$ 6 milhões. |
O zagueiro Rafael Marques o atacante Maxi López (que retorna ao time no dia 5 de setembro) brincam durante o treino
Foto:
Valdir Friolin