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 | 12/08/2009 06h18min

"Se eu pudesse mudar alguma coisa, mudaria minhas reações", diz D'Alessandro

Jogador falou da sua relação com o técnico Tite, da situação de reserva no time e do seu desejo de permanecer no clube

Christiane Matos  |  christiane.matos@diariogaucho.com.br

O craque argentino não se preocupa em agradar fora de campo. Seu negócio é nas quatros linhas. Após muita negociação, aceitou dar entrevista exclusiva ao Diário Gaúcho, a primeira após ser afastado do grupo em 25 de julho. Ontem, o jogador falou da sua relação com o técnico Tite, da situação de reserva no time e do seu desejo de permanecer no clube.

Diário Gaúcho - Quando o Inter perdeu a Copa do Brasil você disse que o time estava em dívida com a torcida. Como é possível pagá-la?

D'Alessandro -
Temos uma dívida com os torcedores que mesmo a conquista da Recopa não iria apagar. Mas o Brasileirão é ainda mais importante. E temos time para ganhar.

Diário - Como foram essas duas semanas de trabalho em separado? Qual sua condição física?

D'Alessandro -
É bom esclarecer, porque todo mundo está falando que fiquei duas semanas afastado. Foi uma semana de trabalho físico e, na segunda, já fiz coletivo e treinei com bola. Nunca joguei tantos jogos, quatro competições juntas.

Diário - Como você recebeu o comunicado do teu afastamento? Qual foi a reação?

D'Alessandro -
Não vou pedir nunca para sair. Ninguém quer sair do grupo e treinar sozinho. Primeiro, fiquei muito mal com a decisão do Fernando (Carvalho, vice de futebol). Sei que ele quer o melhor para mim. No segundo dia já compreendi melhor. Nesse período, tentei aprimorar a parte física.

Diário - Sua volta ao time foi em grande estilo. O que passou na sua cabeça ao marcar aquele gol contra o Sport, com menos de dez minutos em campo?

D'Alessandro -
Tem de ter sorte, também. Para mim, o gol fica em terceiro lugar. O mais importante foi o carinho da torcida. Gostei muito. Por tudo o que se estava falando, fiquei surpreso. Ouvir a torcida gritar meu nome... Se você não é querido, não vai todo mundo te abraçar. O reconhecimento do grupo me deixou feliz.

Diário - Como foi a briga com o técnico Tite no vestiário do Engenhão, quando ele o substituiu no intervalo contra o Botafogo?

D'Alessandro -
Não ocorreu nada. Não foi nada. Estava jogando mal, então não posso reclamar. Sou o primeiro a reconhecer quando não jogo bem. Minha relação é boa com ele.

Diário - A situação atual de reserva incomoda você?

D'Alessandro -
Já fui reserva no River, na Inglaterra, na Espanha, na Alemanha. Nem sempre se joga bem. Em dez, 11 meses, tentei manter meu nível, mas um dia ia baixar. Reconheço que caí de produção.

Diário - O que fazes para desligar? Qual teu lazer?

D'Alessandro -
Gosto de ficar em casa e sair para jantar com minha esposa, Erica. Mas com dois filhos pequenos (Martina, três anos, e Santín, um) não é fácil.

Diário - Você já enfrentou um momento mais difícil do que quando surgiram os boatos de consumo de cocaína?

D'Alessandro -
Todo mundo tem um limite. Quando chega um comentário desses, não falam de futebol, mas da minha pessoa. Tenho meu jeito de ser. Não posso aceitar! Tenho família, tenho filhos, e eles sofrem com esse tipo de coisa! Podem falar sobre meu futebol, que jogo mal, que sou fraquinho... Aceito tudo. Mas quando passa do limite, não posso aceitar!

Diário - Se muito de o que falam não é verdade, por que você não se defende? Não gosta da imprensa?

D'Alessandro -
Não posso esclarecer uma palavra errada quando não houve nada, quando o fato não aconteceu. Falaram que briguei com Magrão, por isso nós estávamos afastados. Disseram que Guiñazu apartou uma briga minha com Tite, mas ele nem estava no jogo do Rio! A imprensa necessita do futebol e o jogador necessita da imprensa. Tenho dez anos de carreira, não é muito, mas não tenho necessidade de aceitar certas coisas. Às vezes, a imprensa não entende o jogador.

Diário - Mas você não se preocupa em esclarecer, ao menos para os torcedores?

D'Alessandro -
O que a torcida vai gostar é que eu jogue bem. Carinho da torcida não se pode comprar. Isso é o que me deixa mais feliz. Não fiz uma campanha para que a torcida gritasse ou para que meus companheiros fossem me abraçar. Isso se conquista dentro de campo.

Diário - Você se arrepende daquele lance com o William, do Corinthians, na final da Copa do Brasil?

D'Alessandro
- Se eu pudesse mudar alguma coisa, mudaria minhas reações, a reação que tive. Não estou arrependido, porque é meu jeito de ser. Mas me dá vergonha quando vejo a imagem.

Diário - Sua família vem da Argentina assistir aos jogos?

D'Alessandro -
Sempre. Minha mãe, Gladys, meu pai, Eduardo, e meu irmão, Marcelo, vieram na final da Sul-Americana e no Gauchão. Estavam também na Copa do Brasil, mas disse que fizeram alguma coisa de diferente. Não sei se trocaram a roupa, mas dessa vez não deu certo (risos)

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