| 17/07/2009 03h43min
Fazia tempo que Taison não sorria como ontem à tarde. Depois de fazer dois gols após 49 dias sem marcar, parou em frente às câmeras para dar entrevistas, ergueu os braços e falou. – Hoje (ontem) ninguém fala do Taison. Hoje o Taison é rei – brincou.
Na verdade, apenas um assunto o tirou do sério: o show de Belo em Pelotas. Na entrevista coletiva após a vitória por 4 a 2 sobre o Fluminense, o atacante mostrou insatisfação sobre os boatos de jogadores em festas noturnas. Ontem, confirmou que foi levado à cidade onde nasceu pelo empresário Alcione Dornelles para assistir à apresentação do cantor de pagode no dia 10, véspera da viagem a Curitiba. Mas negou com veemência as histórias de que estaria embriagado:
– Não bebo, cara! Não faço nada. Pode perguntar para qualquer um.
Pessoas próximas ao jogador o defendem com vigor. O próprio Dornelles, que cuida de Taison desde quando ele deu seus primeiros chutes no clube Progresso, de Pelotas, sempre o
orienta com base numa regra: primeiro,
deve vencer como profissional, ganhar títulos, enriquecer; só depois pode fazer o que quiser da vida.
Viagens a Pelotas para aliviar a cabeça
Nos dias de angústia pela falta de gols, Taison recebeu conselhos sobre como suportar a pressão, não se irritar com as críticas, ou até ficar brabo somente consigo mesmo, não com o técnico Tite, caso fosse substituído ou se voltasse à reserva. Dornelles também passou a levá-lo com mais frequência a Pelotas, mesmo que isso significasse viajar no final da tarde e voltar de manhã. Tudo para aliviar a cabeça do atacante ao lado da família e de amigos.
No apartamento da Avenida Padre Cacique, a mãe Rosângela também sofreu com o filho durante a má fase. Quando Taison chegava irritado em casa e se trancava no quarto para ouvir músicas da cantora Jamily, sabia que tinha de deixá-lo quieto. Só quando o jogador saía, ela ouvia seu desabafo. Não à toa, saiu correndo do estádio após os gols de Taison e foi para casa
preparar o prato preferido do filho para
recebê-lo: arroz, feijão, guisado com milho, croquetes e Fanta laranja. Ontem, comprou todos os jornais da Capital para a pasta que ela engorda com recortes sobre o filho.
No treino da tarde, após almoço em um restaurante do shopping Praia de Belas com Dornelles, Taison contou que andava sem confiança. Por vezes, evitava os arremates. Porém, se lembrou da orientação de Guiñazu após receber a bola que converteu no gol do 3 a 2 sobre o Fluminense.
– O Guiña sempre diz para não devolver o passe para ele porque ele não chuta. Como estava 2 a 2, arrisquei. Agora tudo é mais tranquilo – afirmou, ao menos ontem, o rei do Beira-Rio.