| 13/07/2009 05h10min
Mudança não significa apenas mudar de técnico. Trocar o técnico pode ser importante. Mas também pode não ser. Para o Grêmio, é fato, está se revelando fundamental. Não há dúvidas acerca da melhora de rendimento do time, jogo após jogo.
Antes, com Celso Roth, era velocidade, força e contra-ataque no 3-5-2. Agora, com Paulo Autuori, é toque de bola, aproximação e proposição de jogo no 4-4-2. Pouco para ir à final da Libertadores, mas uma evolução capaz de dar esperança ao torcedor no Campeonato Brasileiro, especialmente depois da vitória consistente por 3 a 0 sobre o Corinthians, um candidato ao título.
O Grêmio mudou de técnico por que Celso Roth não mudava.
Recusava-se a abrir mão dos três zagueiros organizados de forma apenas defensiva no 3-5-2. Virou um dogma, e o clube
viu-se refém de um dogmatismo travestido de convicção. A partir da
mudança de treinador, é evidente que, aos poucos, o Grêmio vai tomando corpo como um time que joga futebol, em vez de apenas investir no erro do adversário.
Roth não quis abrir mão de um sistema que, bem ou mal, havia sido vice-campeão brasileiro do ano passado, quando as previsões iniciais colocavam o Grêmio entre os candidatos ao rebaixamento. Funcionou no começo, depois minguou até falir no Gauchão. Roth morreu abraçado com ele, quem sabe até fechando as portas do clube para o seu trabalho no futuro.
Tite não é Celso Roth.
Na forma de se expressar, no comportamento, no conceito de futebol, no trato civilizado com dirigentes e seus jogadores. E, sobretudo, nos títulos: os de Tite nem se comparam aos de Roth. O treinador do Atlético-MG nunca saiu dos limites regionais. Tite tem Copa do Brasil e Sul-Americana no currículo. E faturou um Gauchão com o Caxias (eu disse Caxias) sobre o Grêmio de Ronaldinho ganhando o
primeiro jogo da final por 3 a 0 e empatando o
segundo no Olímpico em 0 a 0.
Agora, se Tite insistir no modelo tático com três volantes, que dá claros indícios de esgotamento, vai seguir o mesmo caminho de Celso Roth e seus três zagueiros no Grêmio.
Em 10 jogos são seis derrotas, dois empates, duas finais perdidas e vitórias contra os modestos Náutico e Coritiba. A liderança isolada do Brasileirão se foi ontem na derrota para o Atlético-PR por 3 a 2. Há um declínio brusco de rendimento evidente. Até os plátanos do suplementar do Beira-Rio percebem isso.
Não se trata de algo episódico, mas de uma amostragem de más atuações suficiente para exigir mudanças. O meio-campo em forma de losango, com um centromédio e dois volantes apoiadores que não conseguem mais ficar adiante da linha da bola, condenando Taison e Nilmar ao isolamento absoluto, precisa ser revisto. E com urgência.
O Inter deve ao menos tentar uma formação com dois
volantes, dois meias e dois atacantes, soltando Kléber pela esquerda,
já que Bolívar é um zagueiro na lateral-direita.
É a solução? Não sei. Só tendo bola de cristal para sentenciar. Mas é preciso tentar, desde que Glaydson não seja um dos volantes escolhidos. Ele é esforçado, profissional, porém enfrenta problemas de resolução técnica, digamos assim. Ontem, entregou um gol de forma bisonha.
Na quarta-feira, contra o Fluminense, o Inter precisa entrar em campo mudado.
Só assim indicará ao torcedor e aos dirigentes uma tentativa efetiva de reagir ao que não está dando certo. Se tentar, Tite ainda pode reverter a curva descendente.
Do contrário, caminhará para o patíbulo como Celso Roth.
E pelos mesmos pecados, ainda que seja o oposto dele.