| 12/05/2009 04h24min
Um gerente de empresa de 51 anos, uma psicóloga de 47 anos e uma universitária de 22 anos formam a única família do Rio Grande do Sul que comprovadamente conviveu com o vírus da gripe A dentro de casa.
Pai, mãe e filha foram orientados a permanecer isolados na residência até a próxima quinta-feira. Ontem pela manhã, do pátio da residência de dois pisos, em Santo Ângelo, no Noroeste do Estado, eles contaram detalhes da sua rotina a Zero Hora.
A psicóloga, única entre os 11 milhões de gaúchos a ter comprovadamente contraído o vírus, apareceu na sacada por uns instantes e disse que não gostaria de dar entrevista, para manter a privacidade. No final da tarde, reviu a decisão e falou por telefone, para “tranquilizar as pessoas”. O marido, que chegou da Europa com ela no dia 4, e a filha concordaram em conversar também, pessoalmente, desde que tivessem a identidade preservada.
O casal passou duas semanas na Europa. Visitou a Alemanha, a Itália, a
República Checa e a Suécia. Na volta, na
segunda-feira da semana passada, fez escalas em Madri, São Paulo e Porto Alegre. Chegou à Capital no final da noite e dormiu em um apartamento onde mora o filho de 20 anos, estudante da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
– O meu irmão era o caso mais perigoso, porque teve contato com a mãe logo no início, quando o vírus passa mais. A vigilância ligou e disse para ele ficar em casa – conta a jovem.
A psicóloga começou a sentir os primeiros sintomas da gripe A na Capital. Tinha dores no corpo, mas as atribuía ao cansaço da viagem. A primeira consulta médica ocorreu na manhã de quinta-feira. À tarde, ela foi internada. No dia seguinte, medicada e sem febre, foi para casa com a recomendação de usar máscara e permanecer isolada.
Família faz alerta para pessoas evitarem contágio
A confirmação da doença chegou na tarde de domingo, por meio de um telefonema da Secretaria Estadual da Saúde.
Desde então, pai e filha também foram orientados a permanecer em
casa, afastados da psicóloga.
– Em nenhum momento ela ficou em uma situação mais séria. Não teve febre. Foi o normal de uma gripe. A gente não conseguiu fazer uma ponte com essa gripe suína, porque não eram os mesmos sintomas. Mas ontem (domingo, quando houve a confirmação) fiquei apavorada. Daí fiquei olhando TV e o Osmar Terra disse: “ela está curada, não tem nada”. Só que a gente não pode sair, não pode fazer nada, por precaução – diz a filha.
A mulher usa máscara em casa. O marido está dormindo em outro quarto. Ele e a filha não tiveram nenhum sintoma. O gerente devia voltar ao trabalho na quinta-feira, mas não foi, orientado pelo médico. A jovem deixou de trabalhar e ir à universidade também na quinta, por precaução. Ela conta que saiu de casa no sábado, para ficar com o namorado.
– O que vocês devem fazer é alertar o pessoal que não é uma coisa amedrontadora. É complicado, mas tem medicamentos, que resolveram o problema dela – afirma o
marido.
Ouça entrevista com o
marido e a filha da gaúcha diagnosticada com gripe suína:
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Foto:
Daniel Marenco