| 11/05/2009 06h10min
Ouvi com atenção toda a repercussão acerca da vitória do Inter sobre o Corinthians por 1 a 0, no Pacaembu. Em resumo, extraindo o sumo do que foi dito, restou o seguinte: foi uma decepção absoluta. O time dos muitos gols enfrentou um rival desfalcado de seus quatro melhores jogadores (além de Ronaldo, o zagueiro William, o volante Elias e o meia-atacante Jorge Henrique) e só ganhou por conta da genialidade de Nilmar (Foto: Nelson Antoine, AE), que construiu um gol meio Maradona contra a Inglaterra na Copa de 1986. O Rolo Compressor, segundo este raciocínio, travou, quem sabe por alguma falha mecânica. No caso, mecânica
de jogo.
Discordo.
É verdade que o Inter, desta vez, não se adonou do campo
adversário e recuou demais no segundo tempo, erro quase sempre fatal em situações como a de ontem, quando um time sai na frente e é empurrado para trás. No segundo tempo, meio-campo e defesa do Inter experimentaram uma espécie de asfixia futebolística. Aquele toque de bola envolvente pareceu um tanto comum no Pacaembu. Nilmar e Taison ficaram isolados na frente, incomunicáveis com o resto do time, espremido do meio para trás.
Decepção? Não creio. Vou além. Deve residir aí toda a esperança do torcedor no título após 30 anos.
Quantos times podem jogar tão mal em relação a si mesmo e, ainda assim, ganhar do Corinthians fora de casa? Mesmo que seja um Corinthians desfigurado? E se D'Alessandro jogar sempre mal como ontem e acertar a virada de jogo no pé de Nilmar, antes do lance do gol?
No ano passado, o Inter empatava ou perdia longe do Beira-Rio no Brasileirão. Era um mantra. De maio a dezembro foram só duas vitórias fora
de casa. Isso mesmo: duas vitórias em 19
partidas. Ontem o time do técnico Tite fez logo na primeira rodada a metade disso. Nem criança que ainda tem medo do escuro acredita na hipótese de goleada atrás de goleada em um campeonato disputado como este. Futebol não é conto de fadas.
Vencer fora mesmo jogando mal, quando muitos perdem apesar de ótimas atuações longe de seus domínios: eis o fato que deve alimentar as esperanças vermelhas.