| 05/05/2009 03h21min
Uma nova vítima do La Boba surge a cada partida do Inter. Só nos últimos jogos do Inter, já sofreram Guilherme, do Caxias, Maranhão, do Guarani, e Vágner, do Náutico. O drible característico com o qual D’Alessandro desmoraliza os marcadores tem origem nas peladas que o meia argentino disputava no bairro La Paternal, em Buenos Aires, onde nasceu e foi criado.
O segredo parece ser a rapidez na execução da jogada. O primeiro movimento, em que D’Alessandro posta-se em frente ao adversário, com a bola praticamente colada ao pé esquerdo, sugere uma conversão ao lado esquerdo. Em meio à trajetória, o jogador trava, volta-se ao lado contrário e transfere a bola do pé esquerdo para o direito, agora já com o espaço aberto a sua frente para executar o cruzamento.
No gol de Marcelo Cordeiro, o terceiro contra o Náutico, nos Aflitos, a jogada adquiriu um requinte ainda maior por ter sido feita a centímetros da linha de fundo.
A brincadeira foi
transferida da infância para a carreira
profissional. Em 2002, D’Alessandro valia-se do lance para escapar da marcação nos treinamentos do River Plate. Foi o que inspirou o meia Coudet, hoje no Necaxa, do México, a criar a expressão La Boba.
Dia 9 de agosto de 2008, logo após sua chegada ao Inter, entrevistado na Rádio Gaúcha por Paulo Roberto Falcão, o meia tentou manter segredo sobre a forma de iludir os marcadores.
– Não gosto muito de falar sobre isso. É o que me dá de comer – explicou o argentino.
Diante da insistência do apresentador, D’Alessandro disse tratar-se de um lance funcional, executado em benefício de toda equipe e não para seu brilho pessoal.
– Só arrisco a jogada da metade do campo para a frente, nunca atrás. E sempre com o pé esquerdo. O direito é só para caminhar – brincou.
Nove meses depois, suas explicações seguem praticamente as mesmas. Imitado nos treinamentos, às gargalhadas, por Bolívar, Rosinei e Taison, D’Alessandro
desconversa e comenta:
– Só sei que a jogada sai.
Confira o drible de D'Alessandro que desnorteia os adversários
O que falam do argentino |
Álvaro dá risadas ao recordar-se de uma partida contra o Zaragoza, o time de D’Alessandro na Espanha. Na época, o zagueiro atuava pelo Levante: |
– Ele quase matou o meu lateral. Deu o drible umas 20 vezes. Todo mundo sabe que ele vai tentar a jogada, mas não há jeito de parar. |
Rivellino, o inventor do elástico, um drible não menos desconcertante, revela-se um admirador de D’Alessandro. Promete examinar melhor a La Boba do argentino: |
– Ele é diferenciado, trabalha muito bem com a perna esquerda, é dono de uma visão privilegiada de jogo. E ainda conta com a felicidade de contar com dois jogadores que voam lá na frente, como é o caso do Taison e Nilmar. |