| 05/05/2009 15h40min
Passei o fim de semana em São Paulo para cobrir a final do Campeonato Paulista entre Corinthians e Santos. Claro que todos as percepções estavam antenadas em cada suspiro de um certo centroavante capaz de cair e se reerguer de forma quase inexplicável, como de resto fazem os brasileiros na luta diária pela sobrevivência.
O curioso é que, horas antes da partida, quando o normal seria as conversas versarem apenas e tão somente sobre o jogo emblemático prestes a começar, um outro tema entrou de carona, assim meio enviezado. E não apenas entre colegas, logo descobri falando com eles. É este também o sentimento dos torcedores de maneira geral em São Paulo: Corinthians x Inter, no domingo, não é um jogo da rodada de abertura do Brasileirão.
É "o" jogo.
Pensando bem, é mesmo.
Senão, vejamos.
São dois
campeões regionais invictos, algo raro de acontecer. A última vez, em ambos
os estados, foi na década de 70. No Rio Grande do Sul com o próprio Inter, em 1974. No mais rico e populoso estado brasileiro com o Palmeiras, em 1974.
No Corinthians há Mano Menezes, dono do Parque São Jorge e algoz colorado enquanto treinava o Grêmio. No Inter, já que estamos na casamata, tem Tite. Que já foi técnico do Corinthians, injustamente trocado por Daniel Passarela quando o fundo de investimento MSI encheu o clube de dinheiro e exigiu um comandante com grife para comandar Tevez, Mascherano e Roger, entre outras celebridades. São dois treinadores gaúchos, vale dizer. Tite, de Caxias do Sul. Mano, de Venâncio Aires.
Nilmar, recuperado para o futebol pelo Inter, lesionou-se gravemente no Corinthians e, até voltar ao Beira-Rio, teve que se entender na justiça com o ex-clube. Vitorio Piffero e Fernando Carvalho eram vice de futebol e presidente quando os jogos foram adiados por suposto envolvimento do árbitro Edilson Pereira de Carvalho com manipulação de
resultados.
Lembrando: o Inter dormiu líder do campeonato e amanheceu mais abaixo na tabela após a anulação dos jogos apitados por Edílson. A Libertadores, o Mundial e a Recopa Sul-Americana aplacaram a carência de títulos com sobras, mas basta retomar o assunto com Piffero para ver o quanto ainda dói a perda do Brasileirão de 2005. Ninguém esqueceu o pênalti tornado invisível por Márcio Rezende de Freitas em Tinga.
São pontos de atrito que sempre vão para o campo de algum jeito, em maior ou menor escala. E, para completar, haverá o Fenômeno em campo.
Em resumo: é mesmo como se fosse a partida inaugural do Brasileirão.
É "o" jogo.
Leia os textos anteriores da coluna No Ataque.