| 30/04/2009 04h41min
Já está numa gaveta da sala presidencial do Olímpico a prova escrita de que o namoro entre Grêmio e Paulo Autuori, que já dura 25 dias, vai virar casamento, mais tardar, no dia 20 de maio. O pré-contrato, assinado pelo treinador, chegou há dois dias, diretamente do Catar, onde treina o Al-Rayyan até a data acima.
Não há valor jurídico no fax. Mas, com isto, o profissional tem a garantia de que receberá no Tricolor o prometido pela direção. Aqui, uma revelação: R$ 220 mil mensais — mesmo recebido por Celso Roth. O valor especulado, de R$ 300 mil, engloba preparador físico e auxiliar técnico. Por outro lado, o documento também dá confiança à direção gremista de que Autuori não assinará com outro clube.
— Foi o treinador que solicitou esta burocracia. E demonstra seu interesse em trabalhar no Olímpico — afirmou um conselheiro, que pediu para não ser identificado.
A direção de futebol não confirma a chegada do pré-contrato. Há temor que a
divulgação do documento complique a já
atribulada saída de Autuori do Catar. Enquanto o substituto de Celso Roth não assume o time, o grupo de jogadores vive dias de expectativa para conhecer o adversário das oitavas-de-final da Libertadores. Depois de garantir o primeiro lugar no geral, sabe que vai pegar o pior dos 16 classificados. Tudo indica que será o Defensor, do Uruguai. Só não será este o rival caso o San Martín, do Peru, já garantido, perder hoje (21h30min) por dois ou mais gols de diferença para o eliminado River Plate, na Argentina. Esta fase ainda será sob comando do interino Marcelo Rospide.
— Vi dois jogos do Defensor e o time é muito forte. Temos de ter cuidado, é um time bom - afirmou o capitão Tcheco.
Autuori não fala, assessor não nega
Paulo Autuori repetiu ontem a estratégia de não conceder entrevistas. O assessor de imprensa Marcus Tinoco, entretanto, não negou a informação de que o treinador tenha assinado um pré-contrato com o Grêmio.
— Não posso dizer que sim ou que não.
Ele não passou nada. Acho difícil ter assumido este compromisso tendo contrato em vigor — desconversou o assessor.
No Catar, Autuori se prepara para um jogo decisivo amanhã. O Al-Rayyan enfrenta o Qatar SC, do técnico Sebastião Lazaroni e do ex-meia gremista Roger, pelo título da Copa do Príncipe Herdeiro. A última competição do calendário é a Copa do Emir, cuja estreia é no dia 9 de maio. Autuori estará liberado a partir do dia 20.
Que valor tem um pré-contrato?
O pré-contrato assinado entre Grêmio e Paulo Autuori não obriga o treinador a desembarcar no Olímpico. Pelo menos é o que garantiu ontem o advogado Décio Nehaus, do Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio Grande do Sul.
Décio explicou que a Lei Pelé e a legislação trabalhista brasileira não prevêem este tipo de acordo. Portanto, não obriga o cumprimento do que foi firmado. É uma garantia para discutir um eventual dano causado por uma das
partes.
— É apenas uma promessa. Se o Autuori não
vier, por exemplo, o Grêmio pode discutir na Justiça um valor pelo prejuízo causado por tanta espera — disse Décio.
A FIFA prevê a assinatura de pré-contrato entre clubes e jogadores, desde que esteja nos últimos seis meses de contrato. Não há menção a treinadores.
> Entenda o caso
> Grêmio contatou com Paulo Autuori no dia 6, dia seguinte à demissão de Celso Roth.
> O profissional gostou da ideia de assinar contrato até dezembro de 2010. E buscou sua liberação.
> O Al-Rayyan negou a liberação antes do final da Copa Emir, cuja final está prevista para o dia 20.
> A direção tricolor aceitou esperar, desde que Autuori garantisse sua vinda para o Grêmio. Em contrapartida, o técnico queria uma confirmação de que receberia o salário prometido — R$ 220 mil.
> O pré-contrato selou a comunhão de interesses.
Direção não confirma a chegada do pré-contrato, temendo documento complicação com a já atribulada saída de Autuori do Catar
Foto:
Itsuo Inouye, AP