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 | 27/04/2009 05h58min

Ruy Carlos Ostermann: A explicação Ronaldo

A minha síntese como telespectador para explicar a vitória quase decisiva do Corinthians sobre o Santos na Vila Belmiro é Ronaldo Nazário. Ele também não jogou o tempo todo, sofreu de isolamento e falta de passe, se obrigou a um resumo do que mais lhe fosse precioso e fez dois gols. Como o Corinthians fez três, o Santos não quis perder, jogou tudo o que podia mas perdeu gols quase impossíveis de se perder, e o goleiro Felipe, que até gol contra fez (a cruzada de Triguinho foi o quê?), foi um segundo fenômeno no jogo: ao menos três defesas que soube fazer, uma em duplo movimento, foram decisivas para que o time de Vagner Mancini, por mais que insistisse, não pudesse mesmo diminuir o escore.

Num jogo sem intervenções de tanta transcendência, talvez o Santos não tivesse perdido. Mas daí se deveria anular a participação de Ronaldo. Assim como estava, sorridente e fortemente marcado, sem parceria competente para chegar com ele na frente, acabaria inevitavelmente se valendo da fração de jogo que sempre soube como ninguém valorizar. Nunca foi um atacante de alta frequência, sempre foi o homem do lance, do último lance, do lance raro, na aparência às vezes acidental, mas só dele. Ninguém mais, mesmo os mais festejados, têm essa capacidade de resolução. O chutão da defesa que ele perseguiu desviando da marcação e colocando fora do alcance de Fábio Costa e, sobretudo, o seu segundo gol, aquele do drible e da bola por cobertura, são duas marcas da síntese exemplar de Ronaldo.

O Corinthians ganhou em cima dele mas se protegeu praticamente sem ele. Ronaldo ficou na frente e pouco se movimentou para impedir que os zagueiros santistas, especialmente Fabiano Heller, ainda um grande zagueiro, saíssem com bola dominada para cima do meio-campo do time de Mano Menezes, que até reforçou o setor na medida em que o talentoso Douglas começava a reparar mais nas arquibancadas. Um jogo em equilíbrio, ninguém vá se enganar, mas fracionado pelo talento de Ronaldo, de Felipe, de William e Elias, para não citar demais. A decisão agora será no Pacaembu de todos os corintianos – ontem havia meia dúzia em Santos. O Santos terá a tarefa de fazer três gols, o que é possível, mas não provável.

Goleada

Só sei da goleada, ainda não pude ver a grande vitória de Adílson Batista no Mineirão contra o Atlético de Émerson Leão. Há uma convicção de que não se perde uma decisão por goleada, que ela pode ser evitada, não apenas com cautela mas sobretudo com cuidados e nenhuma arrogância. Outras vezes, são dois gols encadeados que rebentam com a convicção do adversário e a ânsia de refazer o prejuízo aumenta ainda mais as fragilidades do time atordoado, fora do lugar e inocentemente ofensivo. Mas também há outra convicção: quando uma final termina em 5 x 0, houve bem mais do que os gols que determinaram essa grande diferença. Enfim, tenha sido por isso ou por aquilo, porque por alguma coisa concreta foi justificada a goleada, o Cruzeiro praticamente é o campeão mineiro e o Atlético só terá chance se for capaz de inverter, a mais, tudo o que aconteceu, ontem, no Mineirão. Quase impossível, mas só para não duvidar do futebol.

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