| 29/11/2008 23h42min
O São Paulo ganha do Fluminense e é tricampeão do Brasileirão. O jogo é no Morumbi, talvez um complicador. O São Paulo cede o empate para o time de Renê Simões e é quase tricampeão, dependerá dos outros. O São Paulo perde para o Flu, e tudo recomeça até a última rodada. Enquanto isso. o Grêmio deve vencer o Ipatinga, lá, para se assegurar dos benefícios da rodada, os maiores e até mesmo os menores porque eles podem assegurar a presença na Libertadores, e nada pode ser maior, se o título escapou.
É só o que ouço nesse fim de semana, as conjeturas sobre o que deve ou pode acontecer na penúltima rodada. A possibilidade de o São Paulo perder para o Fluminense existe. Já aconteceu antes, mas o São Paulo atravessa esse segundo turno vencendo sempre, se afirmando com um futebol solidário e inteligente, mas sem brilhos ou afirmações antecipadas. O time de Muricy é muito o seu técnico, que acredita na repetição, na insistência, na posse de bola, na bola alta, na segurança defensiva, no
contragolpe, na
espera, na precipitação dos acontecimentos por motivação surpreendente.
São quase todas as virtudes básicas de um time de futebol. Uma personalidade dispersiva e autocentrada como era Dagoberto teve de se reconciliar com uma vida mais modesta e integrada e só assim superou a restrição que sempre lhe fazia Muricy, a de que ninguém sobrevive no futebol sozinho.
Esse traço superior do quase inevitável campeão de 2008 é o que também legitima esse longo e empolgante Brasileirão. Afinal, se vencer terá vencido o clube que melhor se doutrinou para o grande campeonato, refazendo o time com o cuidado de não perder nunca um roteiro programado . Vendeu e comprou jogador, promoveu a base e tem hoje, na opinião dos jornalistas de todo o país, ao menos um goleiro, Rogério Ceni, um zagueiro, Miranda, um meio-campista, Hernanes, um meia/ala, Jorge Wagner, e talvez mais um ou dois, todos selecionáveis, de primeiríssimo time.
No futebol, quase é assim, a surpresa é
o que é: um fato acidental.
Ânimo e liderança
A tarefa de Celso Roth é bem difícil: refazer o ânimo do time e ganhar do Ipatinga no Ipatingão. Baixam todos os interesses sobre esse jogo, afinal o Grêmio é vice-líder e pode se recolocar na luta da última rodada. Mas o abatimento provocado por uma goleada no jogo que a liderança do campeonato é uma reconquista da confiança, da espontaneidade e através disso do futebol que pareceu desmantelado. Tarefa que ultrapassa o técnico e se aloja nos cantos do clube, na intervenção de torcedores e dirigentes, faz parte de uma combinação quase imperceptível de fatos e palavras que são pouco comuns.
A trajetória do time teve esse sobressalto do que se denominou de segundo turno, mas foi tamanha a sua façanha de vitórias, sobretudo elas, que a gordura do longo período serve até agora para mantê-lo na segunda posição geral, o melhor dos times depois do São Paulo. Seria uma felicidade se fosse essa a decisão do campeonato, mas o
fascínio do Brasileirão é que nem se
percebe quando ele está trocando de liderança tantos já assumiram a frente e tiveram de cedê-la.
Ipatinga é quase o centro do mundo.
Cinco
Se todas os jogos por prudência estão marcados para as 17h essa é a hora dos reservas do Inter contra o Cruzeiro no Beira-Rio. Vale por dois: por Guiñazu, que joga e se despede do Beira-Rio no ano, e muito pelo time de Adilson Batista, considerado por Muracy como o mais técnico do campeonato. Vale a pena.