| 24/08/2008 06h04min
O jovem jamaicano Usain Bolt, de apenas 21 anos, deixou os Jogos Olímpicos de Pequim como principal nome do atletismo, acabando com o reinado dos Estados Unidos na modalidade.
Três medalhas de ouro e igual número de recordes mundiais em apenas uma semana tornam Bolt o maior nome do atletismo na atualidade.
Segundo o ex-atleta britânico Sebastian Coe, membro do Comitê Olímpico Internacional (COI) e à frente da organização de Londres como sede dos Jogos de 2012, Bolt teve mais destaque que o nadador americano Michael Phelps, que conquistou oito ouros no Cubo D'Água.
O jamaicano ganhou destaque logo no segundo dia do atletismo, ao vencer os 100m rasos com um tempo de 9s69 e baixar seu próprio recorde mundial anterior, que era de 9s72.
Quatro dias depois, na final dos 200m, ele extinguiu uma marca de Michael Johnson vigente desde os Jogos de 1996, com 19s30.
No dia 22, ele fechou sua vitoriosa trajetória em
Pequim participando do recorde mundial do revezamento 4x100m
obtido pela Jamaica, com 37s10.
Entretanto, o excelente desempenho nas pistas fez com que Bolt virasse alvo de desconfiança. Gestos como passar comemorando na linha de chegada geraram irritação até mesmo do belga Jacques Rogge, presidente do COI, que os considerou incorretos. Já outros achavam que ele estava dopado.
No geral, o atletismo em Pequim teve cinco quebras de recorde mundial e outras 17 olímpicas. Além das marcas de Bolt, a russa Yelena Isinbayeva obteve pela 24ª vez o melhor desempenho do mundo no salto com vara, ao fazer 5m05.
Gulnara Samitova-Galmina, também da Rússia, quebrou o recorde mundial dos 3.000m com obstáculos ao fazer 8min58s81.
Nas provas de longa distância, os etíopes Kenenisa Bekele e Tirunesh Dibaba, venceram as provas dos 10.000 e 5.000 metros masculino e feminino, respectivamente, de forma incontestável.
Por outro lado, os Estados Unidos ficaram como destaque negativo da
competição. Embora tenha obtido o maior número de medalhas de
ouro (sete) e totais (23), não foi capaz de conseguir sequer um título nas provas de velocidade - nem mesmo no revezamento 4x100m, prova em que dominavam e na qual acabaram eliminados.
A Jamaica foi a pedra no sapato dos EUA, e não só com Bolt: o país fez o pódio nos 100m rasos (com Shelly-Ann Fraser, Sherone Simpson e Kerron Stewart) e levou ouro e bronze nos 200m, com Veronica Campbell e Kerron Stewart.
A americana Allyson Félix, que vencera três provas no Mundial de atletismo de Osaka de 2007, acabou se conformando com uma de prata.
A Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) destacou a universalidade da modalidade nos Jogos, com 37 países obtendo pelo menos uma medalha - caso do Brasil, com Maurren Higa Maggi levando o ouro no salto em distância.
Dos seis casos de doping em Pequim, dois procedem do atletismo: a ucraniana Lyudmila Blonska, que levou a prata no heptatlo e acabou banida por ser reincidente, e a
grega Fani Halkia, impedida de defender o
título nos 400m com barreiras.