| 07/07/2008 05h56min
A tevê mostrou, o replay é prova, telejornais do outro dia servem como constatação. O Inter de Tite, três semanas depois, já é outro. Percebe-se como uma das mudanças decisivas a motivação dos jogadores, a entrega e a doação nos 90 minutos. Dez correram de braços abertos quando Alex, melhor jogador da temporada no Estado, começou a empilhar gols no modesto Coritiba. Os reservas pularam como crianças animadas atrás da goleira. Gesto de jogador após o gol, muitas vezes, define o interior do vestiário. O Inter está remotivado. O Inter estreou mais tarde no Brasileirão.
A transformação não é visível apenas no definitivo grito do gol. O time mudou, o Inter é outro, é novo. Até onde vai não sei, ninguém sabe. O bom Gre-Nal, apesar do mau e injusto empate, levantou a auto-estima e premiou o time e os fãs com um jovem, ativo, corajoso e veloz meia atacante chamado Taison. Ele deu novo rumo ao time, acelerou o ataque, desmobilizou duas defesas. Taison é a grata promessa com a bola nos pés que a
gestão de Abel
Braga escondeu criminosamente até do banco, com o.k. silencioso dos dirigentes, reféns do veterano Iarley.
O povo fiel do Gigante da Beira-Rio, que vê e sente o futebol, foi o primeiro a saudar com palmas e cantos uma das pequenas, porém sólidas mudanças do novo e competitivo Inter de Tite que é Taison. Resumindo: defesa bem postada, meio-campo sólido, dois meias velozes e criativos, mas, ainda com um atacante isolado e solitário, afundaram e tontearam o Coritiba (16º lugar).
Ganhar bem em casa é um começo de alguma coisa, que a próxima partida (Goiás), outra vez em Porto Alegre, pode (ou não) comprovar. O que eu sinto, o que você sentiu aí do outro lado, é que o Inter é outro, melhor, superior ao Colorado das primeiras rodadas da competição. Ou como diria o estudioso Adenor Bachi:
— Encaixou.
Medo
O bom e competitivo Grêmio das primeiras sete rodadas do Brasileirão sumiu no Gre-Nal, desapareceu
no Rio de Janeiro. Foi superado técnica e taticamente nos dois jogos.
Foi oco, medroso, pequeno, desorganizado e retrancado contra o irregular Botafogo, 13º colocado. Perdeu uma preciosa posição na tabela, respira ofegante no terceiro posto. Roger fez falta, como fez! Uma idéia clara de futebol faz mais ainda. O tricolor sofreu dois gols, podia ter levado quatro e ninguém do lado azul levantaria um sussurro para reclamar do resultado.
Celso Roth organizou seu esquema preferido, três zagueiros, meio-campo apinhado de volantes, uma pobre alma no ataque. Sistema que nunca deu certo em time algum na história do futebol, especialmente se os homens de meio-campo não sabem chegar na grande área, nem mesmo arriscar um chute de fora e se os laterais/alas são incapazes de completar jogadas ofensivas.
Na frente, nem Perea, muito menos Marcel, têm o saudável hábito de marcar gols em seqüência. São sazonais. Os quatro últimos gols do Grêmio foram anotados de pênalti. Não há prova maior da inexistência de um ataque perigoso quando os gols somem. Ao
Grêmio falta atacantes
qualificados. Aliás, por que será que das categorias de base do clube não nasce um, só um, atacante?
Quando tudo estava desabando, Roth chamou Makelele do banco e sacou Rodrigo Mendes. Se a criatividade ofensiva do time era zero, o índice ficou abaixo de zero.
O presidente Odone, que detestou a atuação, falou que nem com dois Roger o Grêmio faria algo na noite carioca e alvinegra. Mas eu digo que com meio Roger, meio cérebro em campo, poderia ter sido diferente.