| 20/03/2008 10h12min
A aprovação do projeto de lei do deputado estadual Miki Breier (PSB), que proíbe a venda de álcool em estádios e ginásios com mais de 5 mil lugares, tem dividido opiniões. Mas segundo o policiamento de outras cidades, a lei seca é uma realidade responsável por considerável diminuição da violência. O maior exemplo é São Paulo. Desde 27 de dezembro de 1996, a lei estadual Nº 9.470, entre outras restrições relacionadas a eventos esportivos, vetou a comercialização de bebidas alcoólicas no interior de estádios e ginásios e também em 200 metros a partir de sua entrada.
A principal razão da medida foi a trágica final da Supercopa de Juniores em agosto de 1995, entre São Paulo e Palmeiras: um jovem foi morto e 102 pessoas (22 policiais) acabaram feridas em uma batalha de torcidas. Naquela época, o número de ocorrências em estádios na capital paulista era elevado. A palavra é do coronel Marcos Cabral Marinho de Moura, integrante do 2º Batalhão de Choque, responsável pelo policiamento nos dias de jogos entre 1988 e 2005. Hoje presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol, ele garante que as ocorrências praticamente zeraram após a proibição. Sobretudo as de desacato, desobediência e brigas.
– Hoje, mesmo que o cidadão beba do lado de fora, se acalma no estádio porque ficará 90 minutos sem tomar nada. No final, todos saem de forma tranqüila – garante Moura.
Em um primeiro momento, a medida causou desconfiança entre os clubes. Passados 10 anos da sanção, Savério Orlando, diretor de futebol do Palmeiras, acredita que a lei seca minimizou bastante os problemas. Os conflitos seguem acontecendo nos arredores dos estádios, onde os ambulantes se proliferam, pois a fiscalização não consegue contê-los.
Aqui mesmo no Rio Grande do Sul já há uma iniciativa parecida. Há cinco anos, um termo de ajustamento entre Ministério Público, Brigada Militar, Caxias e Juventude proíbe a venda de álcool nos estádios em clássicos entre os dois times ou quando um deles joga contra a dupla Gre-Nal. Chefe do policiamento em Caxias, o major Júlio César Marobin torce pela sanção da lei pela governadora Yeda Crusius:
– Temos que fazer um trabalho de conscientização e orientação porque as pessoas não têm o hábito de não beber nos estádios. Isso também é um foco de tensão. Sendo uma lei estadual, ganhamos também nesse aspecto.