| 08/02/2008 10h27min
A nadadora brasileira Joanna Maranhão revelou na última quinta ter sido vítima de abuso sexual na infância. Em entrevista à Gazeta Esportiva, a pernambucana contou que foi abusada pelo seu técnico dentro da piscina quando tinha apenas nove anos e que o trauma acabou afetando o seu desempenho no esporte nos últimos anos. Superado o problema, ela está confiante em obter os índices olímpicos para os 200m e 400m medley para ir a Pequim.
– A verdadeira historia é que na infância fui molestada pelo meu técnico. Mas a mente tem um poder incrível e durante todos esses anos eu tentei convencer a mim mesma que nada daquilo tinha acontecido, que tinha sido fruto da minha imaginação. Mas como uma onda muito forte, 10 anos depois eu fui tomando consciência de tudo que eu tinha sofrido. Foi muito doloroso, foi um processo lento. Freqüentei psiquiatra e psicólogo. Durante esse processo, tudo na minha vida sofreu as conseqüências e com a natação não poderia ter sido diferente – revelou a atleta.
A brasileira revelou também alguns traumas que surgiram depois do abuso sexual. Segundo ela, até mesmo sua “personalidade forte” e sua “agressividade” são conseqüências do que sofreu na infância.
– O medo de cair na piscina vinha daí. Os abusos aconteciam no clube, dentro da piscina. Foi muito traumatizante, não foi fácil, mas eu superei. Depois do tratamento comecei a pesquisar as conseqüências e via que muito da minha personalidade, muito da minha “agressividade” vinha daí – contou Joanna, que não pretende procurar a Polícia ou a Justiça para fazer a denúncia.
Aos 16 anos, Joanna Maranhão tornou-se destaque no cenário nacional conquistando a medalha de bronze nos 400m medley no Pan 2003 e garantindo vaga para os Jogos Olímpicos de Atenas 2004. Na Grécia, obteve uma impressionante classificação para a final e tornou-se a principal esperança de resultados da nova geração nas piscinas brasileiras. Depois disso, porém, a pernambucana teve problemas na vida pessoal, que culminou em uma crise de resultados cuja superação começou apenas no ano passado.
Hoje, aos 21 anos, a atleta busca os índices das provas para os 200m e 400m medley para ir a Pequim. Por isso, trancou recentemente a faculdade e passou a se dedicar integralmente aos treinos. Com ajuda da família, colocou a mão no bolso e bancou uma viagem para Font Romeo, na França, ao lado de Fabíola Molina, Diogo Yabe e Gabriel Mangabeira, para fazer um treinamento de altitude, que termina na próxima segunda-feira. Uma das seletiva olímpica será realizada de 12 a 16 de março durante o Sul-Americano de Natação, em São Paulo.
GAZETA PRESS
Joanna Maranhão diz ter superado trauma e pronta para ir a Pequim
Foto:
Sátiro Sodré, divulgação, Bando de Dados - 07/05/2003