| 21/11/2007 04h00min
Seis meses e 12 dias depois de ser apresentado, Douglão se despede do Beira-Rio. Não, não, ninguém o dispensou ainda. Com apenas um jogo pelo time B no currículo e sabendo do excesso de jogadores de defesa no grupo principal (hoje são nove ao todo), o zagueiro declarou:
— São coisas do futebol, acontece. Quem sabe um dia eu possa voltar ao Inter.
A sua apresentação já foi uma premonição de que viria a acontecer no Beira-Rio. Ao contrário do habitual, Douglão vestia o uniforme laranja, de treino, não a camiseta oficial, quando concedeu a primeira entrevista coletiva, em 9 de maio. Tudo porque o Coritiba não enviara garantias de cumprimento das obrigações trabalhistas com Diogo e Gustavo, trocados pelo zagueiro — e, por isso, a apresentação não foi exatamente oficializada.
Em um de seus primeiros coletivos, o zagueiro fez um gol contra ao tentar atrasar uma bola de peito para Clemer. Coincidência ou não, foi relacionado para concentrar com o grupo
pouquíssimas vezes. O mais perto de
atuar que chegou foi sentar-se no banco de reservas — como na final da Recopa, contra o Pachuca.
A única oportunidade que a torcida teve de ver Douglão em campo, fora os trabalhos diários no gramado suplementar, foi em 1º de setembro. Era um sábado à tarde e o Inter B jogava em casa contra o Cruzeiro-PA. Com 1m93cm de altura, nem ele nem Tite evitaram que Luciano Corrêa, cerca de 1m70cm, marcasse de cabeça o primeiro gol do Cruzeiro. O segundo, de Gilmar, nasceu de um lançamento às costas justamente de Douglão — o Inter perdeu por 2 a 1.
Casado desde os 18 anos, com a esposa Kethe e a filha Lia, de quatro meses, morando com ele em um apartamento do bairro Santana, a rotina de Douglão, paulista de Santos, nunca sofreu grandes alterações durante sua estada em Porto Alegre: sai de casa com um Fiat Stilo amarelo para ir ao estádio, treina e volta para casa. O próprio Abel desculpou-se com o jogador.
— Pô, Douglão, eu não tenho nada contra você, mas com
tantos zagueiros, vou colocar para
jogar quem eu confio — contou.
Além de Douglão, o grupo principal do Inter contou com outros sete defensores em 2007: Danny Moraes, Índio, Marcão, Mineiro, Orozco, Sidnei, Sorondo e Mailson — este último, outra provável dispensa ao final da temporada.
Mesmo assim, Douglão não considerou um erro sua transferência para o Inter. A família adorou a cidade, até por ela ser muito parecida com Curitiba — aliás, sempre quando tinha mais de dois dias de folga por não estar relacionado, voltava à capital do Paraná para rever a família da esposa e amigos. Disse que, mesmo sem ter aparecido, clubes do Brasil e do Exterior o sondaram. Por isso, não faz reclamações.
— Vir para cá foi uma experiência excelente. Foi muito bom ter trabalhado aqui. Diretoria e comissão técnica sempre me deram total apoio. Não tenho do que me queixar.