O período de folga de Elder Granja começará apenas hoje. Enquanto a maioria do grupo do Inter aproveitou a semana para curtir a família e viajar, o lateral-direito trabalha forte nas salas do departamento médico e de musculação do Beira-Rio.

De segunda-feira até ontem, ele passa as tardes fazendo musculação e fisioterapia no vestiário do estádio. Nas corridas na esteira, não sentiu o desconforto muscular na panturrilha direita, que o deixou de fora da partida contra o Cruzeiro.

— Se fosse uma final, eu iria jogar. Apenas me pouparam, como fizeram com o Fernandão, justamente para não ter problemas maiores no início da próxima temporada — explicou.

A justificativa deve-se ao histórico de lesões que o acometeram desde 2003, quando chegou ao Inter. Antes meia, Granja começou a se destacar no segundo semestre de 2004, quando o técnico Muricy Ramalho o colocou na lateral. Em 2005, chegou a ser considerado um dos melhores do Brasil na posição. Mas, na tarde mormacenta de Assunção, em 26 de julho, véspera da semifinal da Libertadores contra o Libertad, a sina de problemas musculares começou.

Na época, Granja encaminhava acerto com os alemães do Stuttgart. Adiou o sonho da transferência para a Europa por uma distensão na panturrilha — a primeira de cinco contusões que apareceriam quase em seqüência, a última, em julho deste ano: lesão na coxa esquerda contra o Sport, a mesma que o afastou em maio.

Granja chegou a pensar em largar o futebol. Aprendeu a não planejar o futuro, apenas disputar um jogo depois do outro. Fora dos gramados, nunca apelou para tratamentos alternativos. Achou no apoio da mulher Rita e dos filhos Ryan, cinco meses, e Thaina, dois anos e quatro meses, e na fé em Deus a razão para continuar. A lembrança do início de carreira também o ajudou

— Já passei fome quando saí de casa para jogar futebol, aos 15 anos, no Francisco Beltrão, do Paraná. Cheguei lá e não encontrei aquilo que me prometeram — contou.

Agora, a idéia é encaminhar a renovação do contrato, algo que, segundo Granja, se definirá na próxima segunda ou terça-feira. Para 2008, o plano está traçado: realizar uma boa pré-temporada, já que em 2007 participou apenas dos últimos cinco dias de trabalho em Bento Gonçalves. Mas tudo isso só será pensado a partir da próxima semana. Depois de Granja, enfim, aproveitar a folga do feriadão ao lado da família, na Serra, para onde viajou ontem.

Todas as lesões do lateral

— Julho de 2006: distensão na panturrilha esquerda, antes da semifinal da Libertadores
— Fevereiro: estiramento na panturrilha, dessa vez na direita
— Março: em jogo do Gauchão, sofre distensão no músculo posterior da coxa direita
— Maio: no primeiro treino com Gallo em Bento, lesiona a coxa esquerda ao cruzar uma bola
— Julho: lesão Coxa esquerda
— Novembro: desconforto na panturrilha direita