| 12/06/2007 17h44min
Depois de encerrar seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, o presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), na Câmara, nesta terça-feira, o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, minimizou suas críticas aos controladores, feitas anteriormente, afirmando que se referia a todos os trabalhadores - de forma genérica - quando disse que não se pode reivindicar aumento salarial por meio de chantagem, sabotagem e "colocando o povo em xeque".
– Sou profundamente admirador dos controladores, sei que eles não são chantagistas ou sabotadores, mas que ocorreram problemas, ocorreram. E problemas que não se resolvem com emoção. Eles deveriam aprender um pouco com os sindicatos – disse.
O militar voltou atrás ainda em sua declaração de que, em três anos, haverá no país um apagão aéreo no setor de transporte de cargas aéreas.
– Se não fizéssemos nada, teríamos esse problema, mas não haverá esse apagão aéreo porque já faremos obras a partir deste ano. A situação estará tranqüila – garantiu.
Mais cedo, no depoimento, ele criticou a falta de aviões no país e disse que o setor de transporte de carga já está em 80% de sua capacidade, "um número perigosíssimo". José Carlos Pereira disse que os recursos atuais não são suficientes para atender o aumento de demanda de passageiros (15% ao ano) e o aumento de carga área (6% ao ano).
– Os recursos são suficientes para manter o status quo. Não temos recursos para nos mantermos mais à frente. Temos nos mantido ligeiramente empatados com a demanda – reconheceu Pereira.
Segundo ele, a principal dificuldade no sistema aéreo brasileiro seria o planejamento. O presidente da Infraero criticou a ausência de um plano aeroviário nacional, que começou a ser feito agora, mas estava em negociação desde 2003. De acordo com ele, a situação da Infraero não permite mais adiamento no pagamento da dívida de empresas aéreas. A dívida da Vasp estaria em torno de R$ 857 milhões e, da Transbrasil, R$ 248 milhões.
Desmilitarização não é a solução
Apesar dos problemas, Pereira mais uma vez se posicionou contra a desmilitarização do tráfego aéreo ou a duplicação do sistema de controle, com a instalação de radares militar e civil. O militar considerou "insana" a idéia de dividir o sistema entre civis e militares e disse que a questão de ganhar pouco não é uma questão de toda a carreira militar e não pode ser a justificativa para qualquer ação dos operadores de vôo.
– O acidente da Gol aconteceria se o mesmo homem que estivesse ali no controle estivesse usando um terno, e não uma farda. Desmilitarizar não tem o poder mágico de resolver tudo – disse.
José Carlos Pereira também contestou a avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU) de que há problemas na arrecadação de tarifas aeroportuárias e nas licitações realizadas pela estatal. Ele disse que a Infraero sempre procurou seguir as recomendações do TCU e que o tribunal usou documentos antigos nas auditorias que apontaram as supostas irregularidades.
Na semana passada, o representante do Ministério Público no TCU, o procurador da República Lucas Furtado, disse à CPI do Apagão Aéreo do Senado que a Infraero retinha indevidamente recursos das tarifas aeroportuárias e que auditorias mostravam problemas de sobrepreço em várias obras da estatal. No caso das denúncias de superfaturamento, o brigadeiro disse que há divergência de tabela de preço que deve ser usada e anunciou que a Caixa Econômica Federal está trabalhando numa tabela própria para o sistema aeroportuário.
– Tudo o que o TCU determina a Infraero cumpre, mas é preciso criar um sistema nacional de preços aeroportuários – afirmou José Carlso Pereira.
O brigadeiro anunciou que o Ministério da defesa já está mudando o sistema de arrecadação de tarifas. Hoje, a Infraero fica com 41% e o restante vai para a Força Aérea Brasileira (FAB). José Carlos Pereira acha que a Agência Nacional de Aviação (Anac) deveria receber mais recursos desse bolo, mas é contra o aumento de tarifas.
AGÊNCIA O GLOBO
José Carlos Pereira depôs nesta terça na CPI do Apagão Aéreo na Câmara
Foto:
Luiz Alves
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Agência Câmara