| 07/06/2007 23h25min
Há exatos 10 anos, no dia oito de junho de 1997, um catarinense magro, de cabelos encaracolados e desalinhados começava a escrever uma nova página no mundo do tênis. Gustavo Kuerten chegou a Roland Garros, em Paris, como franco-atirador e, de repente, se viu erguendo o troféu de campeão de um Grand Slam.
O troféu, inédito no País, transformou a história do esporte no Brasil e marcou o início de uma trajetória de muito sucesso do catarinense. Da primeira conquista em Paris, seguiram mais 19 títulos, entre eles outros dois em Roland Garros (2000 e 2001) e o da Masters Cup, em Lisboa (2000). Com todos estes troféus, Guga chegou também ao lugar mais alto do ranking mundial, o de número um, em dezembro do ano 2000, onde permaneceu por 43 semanas.
Dez anos depois, Guga lembrou da trajetória de 1997, em que para conquistar o título precisou vencer três ex-campeões do torneio disputado em Paris. Ele ganhou, na sequência de Slava Dosedel, Jonas Bjorkman, Thomas Muster, Andrei Medvedev, Yevgeny Kafelnikov e Sergi Bruguera.
– Cheguei em Paris, naquele ano, com boas expectativas. Estava jogando bem, tinha acabado de ganhar um Challenger no Brasil e tinha esperanças de fazer uma boa campanha, mas não imaginava que fosse ganhar o título. Comecei com duas primeiras rodadas bem duras, ganhando do Dosedel e do Bjorkman e depois veio o jogo contra o Muster, que foi o que abriu as portas para o título.
– Me lembro que chegou um momento do jogo em que achei que não fosse aguentar. Nunca tinha jogado uma partida de cinco sets em um Grand Slam. Aí consegui ganhar e veio o Medvedev, num jogo que teve que ser interrompido no meio. Foi uma partida muito equilibrada, com nós dois tendo chances o tempo todo, até que eu ganhei. Contra o Kafelnikov, o jogo esteve muito mais para ele. Estava duríssimo, ele não me dava espaço, mas na única oportunidade que tive, e foi uma só, aproveitei.
– A semifinal foi o primeiro jogo em que enfrentei um cara mais ou menos na mesma situação do que eu, que nunca tinha chegado naquele estágio em um Grand Slam. Me preparei para um jogo bem duro e ganhei bem.
– Contra o Bruguera, na final, fiz o meu melhor jogo no torneio. Entrei muito relaxado, tranquilo, sabendo o que fazer, sem pensar que estava jogando a final de Roland Garros, só pensando em soltar o braço, como o Larri (Passos) vinha me dizendo o torneio inteiro – fala Guga.
Guga vai além. Para ele, a vitória sobre Bruguera, em 1997, em Roland Garros, lhe trouxe muitas recordações, algumas boas, outras nem tanto.
– Na hora veio um flash back, pensei em tudo o que havia conquistado até ali, desde os oito anos de idade, quando comecei a jogar. A evolução, o treinamento, as partes que eu ralei, tudo isso veio na minha cabeça naquele momento. Pagou tudo o que eu tinha apostado no tênis até aquele dia – conclui Guga.