| 21/05/2007 18h44min
O governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), acusou nesta segunda o senador José Sarney (PMDB-AP) de estar por trás das denúncias envolvendo seu nome no esquema de fraude desbaratado pela operação Navalha, da Polícia Federal. Lago declarou que o advogado do PMDB no Maranhão, Marcos Lobo, teria agido a mando de Sarney para prejudicar sua administração, mesmo sabendo que as denúncias iriam respingar nos aliados do senador.
Lago teria recebido R$ 240 mil em troca de liberação de recursos para obras fraudadas pela Gautama, mas teve pedido de prisão negado pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Dois sobrinhos do governador, Alexandre e Francisco Lago foram presos pela PF.
O governador também acusou a ex-governadora Roseana Sarney de levar a construtora Gautama para o Estado há sete anos. Segundo ele, Roseana assinou um contrato de R$ 300 milhões com a Gautama, do empresário Zuleiro Veras, para duplicar a adutora de Italuís (MA) e cujas obras foram paralisadas pelo Tribunal de Contas do estado por indícios de irregularidades.
– Foi a então governadora Roseana que levou a Gautama para o Estado. Ela assinou contratos milionários com a construtora Gautama e a OAS em sua gestão – disse Jackson Lago.
O pedetista afirmou que o ex-governador Reinaldo Tavares (PSB), antes aliado da família Sarney e que no ano passado trabalhou em sua campanha, também assinou contratos de R$ 143 milhões com a Gautama, entre eles o de uma ponte considerada desnecessária. Segundo ele, há dez dias, a construtora enviou um documento ao governo do Estado cobrando o pagamento da dívida contraída por José Reinaldo. Jackson Lago disse que direcionou a carta à Secretaria de Infra-estrutura para análise, mas agora decidiu cancelar qualquer tipo de pagamento à construtora.
Sarney estaria descontente com corte salarial
Jackson Lago atribui a suposta revolta de Sarney à decisão de sua administração de cortar os salários de servidores que ganham acima do teto salarial do funcionalismo, de R$ 24 mil. Segundo ele, Sarney estaria recebendo o equivalente a 93 salários mínimos referentes a duas aposentadorias, uma de ex-governador e outra de ex-desembargador do Tribunal de Justiça.
– Eu mandei uma carta dizendo que ele não ia pagar mais de R$ 24 mil e que ele deveria optar entre os dois salários. Ele se revoltou comigo – afirmou.
Jackson Lago disse ainda que leu nos jornais que Zuleido Veras ajudou a candidatura de Sarney no Amapá e o senador teria apresentado, em contrapartida, uma emenda de R$ 100 milhões.
– Nada de antiético e incorreto aconteceu no Maranhão sem que o grupo Sarney não estivesse presente – afirmou.
O governador promete provar sua inocência e levantou a suspeita de que seus sobrinhos, que estão presos, teriam sido envolvidos no episódio pelo grupo de Sarney. Jackson Lago garantiu, porém, que, se eles cometeram alguma irregularidade, foi sem o seu consentimento.
AGÊNCIA O GLOBO