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 | 27/04/2007 11h36min

Desembargador planejou chantagear colega por causa de disputa eleitoral

Carreira Alvim é suspeito de envolvimento em esquema de venda de sentenças

De acordo com reportagem publicada nesta sexta-feira pelo jornal O Globo, relatório da Operação Furacão, da Polícia Federal, revela que o desembargador José Eduardo Carreira Alvim planejou chantagear seu colega Joaquim Antônio Castro Aguiar, caso ele decidisse concorrer à presidência do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região. A constatação foi feita com ajuda de grampos telefônicos, em fevereiro e março deste ano.

Ainda segundo a matéria, Carreira Alvim teria descoberto a existência de um inquérito em que Castro Aguiar – hoje presidente do órgão – teria respondido à denúncia de que seu filho conseguira uma vaga no curso de direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sem fazer vestibular. A acusação estaria num inquérito (provavelmente administrativo da universidade), que teria sido arquivado. Numa conversa, de 9 de fevereiro, Carreira Alvim conversa com uma mulher identificada como Juliana. De acordo com a PF, ela seria a diretora da Faculdade de Direito da UFRJ. O desembargador diz que apenas gostaria de ter mais informações, porque já teria uma cópia do inquérito.

O relatório da PF grifa o trecho da escuta em que Carreira Alvim afirma que pretendia chamar Castro Aguiar para uma conversa sobre o assunto. Os agentes destacam ainda, no relatório, a “conduta venal” de Carreira Alvim, que estaria especialmente irritado desde que descobrira aparelhos de escuta ambiental em seu gabinete. Ele atribuía a Castro Aguiar a instalação desses equipamentos, por causa da disputa pela presidência do órgão.

Segundo o relatório da PF, a depois da descoberta da escuta ambiental, Carreira Alvim começou a tramar como prejudicar o seu colega. Após perder a eleição para a presidência do TRF, ele cogita inclusive, em telefonema a outro acusado, o desembargador Ricardo Regueira, em março deste ano, vazar o caso para a imprensa.

O atual presidente do TRF respondeu, em nota, que o seu filho, Ricardo Aguiar, matriculou-se no curso de direito da UFRJ em 2001, por meio de um edital publicado pela reitoria da universidade. O edital abriu vagas para portadores de diploma oriundos de outras instituições de ensino e para graduados da própria universidade. Ricardo, diz a nota, que já era formado em engenharia pela UFRJ, passou na prova de reingresso num processo seletivo “perfeitamente regular e hígido”.

O desembargador Carreira Alvim chegou a ficar nove dias preso numa cela da Polícia Federal em Brasília, mas acabou sendo beneficiado por uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cezar Peluso, que desmembrou o processo da Operação Hurricane e garantiu foro privilegiado para os magistrados. Os desembargadores Carreira Alvim e Ricardo Regueira e o procurador João Sérgio Leal conseguiram alvarás de soltura e, por enquanto, vão responder ao processo em liberdade. Os outros acusados, bicheiros, empresários, advogados e policiais, continuam presos e começaram a prestar depoimento no Rio nesta quinta.

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