Por 51 votos a 28, o senador Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas, foi reeleito presidente do Senado. Ele continua no cargo no biênio 2007-2008. Renan disputou a presidência com o senador José Agripino, do PFL do Rio Grande do Norte.

Logo após o resultado, em entrevista à GloboNews, Calheiros disse que não havia no Senado a disputa entre governo e oposição. O presidente reeleito do Senado acha que o resultado não vai influenciar a disputa na Câmara. Aliás, fez questão de se distanciar da questão envolvendo os deputados, e não quis se posicionar nem no governo nem na oposição.

– Sempre fui a voz da isenção – afirmou.

O presidente reeleito disse ainda que procurou "separar o que acontecia na Câmara do que acontecia no Senado, para que as casas não se contaminem, pois são independentes".

Questionado se o governo pode ficar tranqüilo com a sua vitória, foi irônico:

– O Brasil pode ficar tranqüilo. Vou trabalhar para melhorar a relação do parlamento com a sociedade, buscando a concórdia, a ponderação, o equilíbrio e lutando pela governabilidade. Aliás, a mesa foi caracterizada por isso no último biênio.

Já o perdedor, senador José Agripino Maia, insinuou que o governo usou de favorecimentos para persuadir eleitores. Segundo as projeções, ele teria mais votos que os que alcançou.

– Os instrumentos que eu pude usar para convencer eu usei, mas foram mais frágeis que os que o Renan pôde usar. Eu não tinha o que oferecer. Me recusava a acreditar, mas o Palácio do Planalto deve ter feito favorecimentos. Mas não guardo ressentimento, não quero falar em traição, essa palavra é muito forte – disse Agripino.

E lançou um aviso para a situação:

– Sequiserem distribuir cargos por blocos, o nosso está montado. Mas será uma declaração de guerra, e a toda ação corresponde uma reação, ainda mais se trabalharem pela ingovernabilidade do Senado.

O líder do PSDB, senador Arthur Virgilio (AM), afirmou que encarou com normalidade o resultado da reeleição de Renan Calheiros para a presidência do Senado. No entanto, considerou decepcionante o placar revelado pela urna. O líder acreditava que haveria 37 votos para Renan e 33 para Agripino. Arthur Virgílio condenou, nesse processo eleitoral para a Mesa do Senado, a maneira como foi formado o bloco de 25 senadores que apóiam o governo, que resolveu apelidar de "galo da madrugada".

– É normal e democrática a formação de bloco parlamentar, o que estranho é a hora em que foi criado – reclamou o parlamentar.

Arthur Virgílio reconhece, no entanto, que a eleição poderá trazer uma vitória para o processo legislativo. Isso poderá ocorrer, segundo lembrou o líder tucano, devido ao compromisso assumido por Renan de realizar sessões conjuntas destinadas a votar os vetos presidenciais e, ainda, de proporcionar rodízio nas relatorias de proposições que tramitam na Casa.

– Renan foi um bom presidente e será melhor depois dessa disputa com José Agripino – afirmou.