| 31/12/2006 13h15min
Aos 38 anos, o angolano João Baptista Ntyamba se mostra ambicioso ao comentar sua participação na 82ª Corrida Internacional de São Silvestre. Esta é a terceira vez que o veterano disputa a maratona em São Paulo. Seu melhor resultado foi a quinta posição na edição de 1996. Depois disso, ficou em 11º na edição de 2003, quando o brasileiro Marílson Gomes dos Santos foi campeão.
Ntyamba sente-se tão em casa no Brasil quanto em seu próprio país. Com cinco participações olímpicas nos 20 anos de carreira em atletismo, ele se orgulha de ter enfrentado várias gerações de atletas brasileiros. De Joaquim Cruz, nos 800m dos Jogos Olímpicos de Seul-88, até Vanderlei Cordeiro de Lima, na maratona dos Jogos de Atenas-2004, passando por Barcelona-92, Atlanta-96 e Sydney-2000, dividindo pistas com Ronaldo da Costa, Valdenor dos Santos e outros. Neste domingo, o principal oponente brasileiro é o mineiro Franck Caldeira, favorito ao título.
– Esta será minha terceira vez e dizem que da terceira não passa – disse o corredor, bem-humorado. Mas o semblante de Ntyamba muda quando ele diz o que pretende na prova.
– Minha expectativa é subir no pódio, porque não vim aqui para brincar – disse Ntyamba, desta vez mais sério. Mas o bom-humor volta quando ele fala sobre a sua idade.
– Há cinco anos me chamavam de veterano. Agora? De dinossauro, talvez.
Convidado para participar da São Silvestre na Espanha, ele preferiu correr no Brasil, país que considera sua segunda casa.
– Sinto-me muito bem aqui. Sou amigo de todo mundo – justifica. Mas a amizade não o fará desistir de brigar por uma boa colocação.
– São 15 mil participantes, não? Até o último deles pode vencer. Há que respeitar todo mundo, mas você não pode ter medo de nada.
Além de um bom resultado na corrida deste domingo, que ele promete disputar como se fosse a última de sua carreira, Ntyamba tem mais um sonho.
– Minha idéia é disputar uma maratona no ano que vem para me classificar em mais uma olimpíada – declarou. – Se conseguir isso será um recorde de participação – lembra o corredor, que já participou de sete campeonatos mundiais e sempre teve treinadores brasileiros.
Ex-funcionário de Embaixada, Ntyamba começou a correr aos 9 anos, mas até os 15 ele praticava outras modalidades esportivas. O angolano chegou mesmo a ir a Portugal participar dos testes para as equipes de atletismo e futebol do Benfica, mas acabou encontrando seu espaço nas pistas.
Em Seul, ele lembra da emoção de correr ao lado de Joaquim Cruz, a quem considera um ídolo. Nos Jogos de Barcelona, além dos 800m, também participou dos 1.500m. Em Atlanta, correu apenas nos 1.500m, passando a disputar a maratona em Sydney e Atenas.
GAZETA PRESS