| 25/11/2006 17h05min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje sua política de alianças para o segundo mandato e afirmou que o PT manterá seu espaço no governo.
– Não aceitem essa bobagem de provocação de que o PT será menor no governo – disse o presidente em São Paulo na abertura da reunião do diretório nacional do PT, a primeira após a reeleição de Lula.
A reunião do PT acabará no domingo e foi convocada com o intuito de analisar o cenário político que surgiu após as eleições presidenciais, as perspectivas do segundo mandato de Lula e a política de alianças que o presidente adotará.
Nas últimas semanas, o presidente conseguiu a promessa de apoio de partidos de todas as tendências, inclusive do PMDB, que é a maior força política do país.
A entrada do PMDB na coalizão do governo petista é vista com receio pelos dirigentes do PT, que temem que o apetite pelos cargos públicos daquele partido prejudique sua própria participação no segundo mandato de Lula.
– Estou convencido de que vamos fazer um segundo governo tão bom que até o PT vai gostar – brincou o presidente diante de dezenas de membros da legenda, entre eles vários ministros, congressistas e os cinco governadores eleitos nas últimas eleições.
Segundo Lula, o PT deve acabar com a discussão interna sobre o peso que o partido terá em seu segundo mandato porque é ele quem decide a composição de seu gabinete.
O presidente afirmou que não tem pressa de escolher os ministros de seu próximo mandato.
– Esse é um problema que vamos deixar para ser discutido no momento adequado – disse Lula, com o objetivo de acalmar os que estão preocupados com a possibilidade de perder cargos no governo, onde o PT ocupa 15 dos 34 ministérios existentes.
Antes, o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, havia criticado a oposição que, segundo ele, "quer confiscar a vitória de outubro" ao pedir uma participação menor do PT no governo.
– Fala-se em despetizar o governo, quase como se isso fosse um processo de desratização. O PT não se lançou e não se lançará a uma disputa pequena por cargos. Queremos conteúdo e definições políticas claras – disse Garcia, ao afirmar que a entrada de outros partidos no governo deve ser baseada nas afinidades de seus programas.
O governador eleito da Bahia, Jacques Wagner, considerado uma das estrelas em ascensão no PT, reconheceu que o partido terá de fazer sacrifícios para que Lula possa governar num país "no qual não existe a fidelidade partidária".
– O PT terá maturidade para entender que, se o presidente precisa ampliar a base de governo, não conseguirá isso pedindo sacrifícios aos aliados. Ele terá que pedir sacrifícios para seu próprio partido – afirmou.
Em seu discurso, Lula falou indiretamente sobre os escândalos de corrupção investigados pelo Congresso Nacional e pelo Ministério Público e nos quais o PT esteve envolvido.
O presidente afirmou que, sem esses escândalos – que vêm acontecendo desde que ele chegou à Presidência, em 2003 –, ele começaria seu segundo mandato mais fortalecido, razão pela qual pediu a seus companheiros que se esforcem para que o partido recupere o papel da referência ética.
– O PT precisa voltar a ser exemplo neste país – afirmou.
Lula, que durante a última campanha eleitoral tentou se distanciar da imagem do PT para não ser vinculado às denúncias de corrupção, reafirmou hoje sua ligação política com o partido.
– Como vou sair do PT se o PT não sai de mim? – perguntou o presidente, diante de seus companheiros.
AGÊNCIA EFE