| 06/10/2006 18h42min
A Polícia Federal de Cuiabá recebeu nesta sexta-feira dados da quebra do sigilo telefônico de 13 acusados de envolvimento na compra do dossiê que envolve políticos em corrupção. As informações são relativas aos dias que antecederam a tentativa de compra do documento, ocorrida no dia 15 de setembro, num hotel de São Paulo. Entre elas, há ligações do telefone celular de Hamilton Lacerda, ex-coordenador de Comunicação da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo de São Paulo, derrotada no primeiro turno.
Lacerda aparece nas imagens das câmeras de segurança do hotel com uma mala preta na mão no dia 15. O ex-coordenador negou que dentro dela estivesse o dinheiro apreendido pela PF - equivalente a R$ 1,7 milhão -, que seria destinado à compra do dossiê. A expectativa é que, com o cruzamento das informações das linhas telefônicas, a pessoa responsável pelos saques do dinheiro seja descoberta.
A PF sabe que a quantia em reais (R$ 1,1 milhão) saiu dos bancos Bradesco, Boston e Safra e que os dólares (US$ 248 mil) vieram do Banco Central dos Estados Unidos e entraram no Brasil pelo banco Sofisa. A Polícia investiga também casas de câmbio e pessoas que sacaram dólares no país.
As câmeras do hotel em São Paulo mostraram Lacerda entrando no local com uma "bolsa grande e preta”, definição dada pela polícia na época. Ele teria aparecido na entrada, no corredor e no elevador do hotel com a sacola. Depois de se encontrar com Gedimar Passos - preso em flagrante no dia juntamente com Valdebran Padilha -, teria saído do hotel sem a mala.
O ex-coordenador pediu afastamento da campanha de Mercadante depois que a história do dossiê veio à tona e admitiu ter participado das negociações com a revista IstoÉ para que fossem publicados documentos supostamente comprometedores para o candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra.
AGÊNCIA O GLOBO