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 | 21/09/2006 23h10min

Dossiê Cuiabá monopoliza debate na propaganda da TV

Alckmin e Lula dedicaram bastante tempo ao tema que agita campanha

O caso do Dossiê Cuiabá caiu como uma luva para os opositores baterem em Luiz Inácio Lula da Silva na propaganda eleitoral gratuita. Na noite desta quinta, Geraldo Alckmin abandonou a postura de bom moço e abriu a artilharia contra o candidato à reeleição. Logo no início do espaço em rádio e TV, o tucano pediu que os eleitores pensassem sobre a hora de votar. É que o episódio atrapalhado envolvendo petistas na compra de um dossiê que supostamente ligaria tucanos à máfia da ambulância é o ingrediente que faltava para aumentar a esperança de quem quer um segundo turno. Até agora, pesquisas eleitorais apontam a vitória de Lula já em 1º de outubro.

O PSDB optou por uma apresentação didática para atacar o PT e Lula. Usando a figura de um repórter, rescontituiu a cronologia da prisão de Gedimar e Valdebran – presos com os R$ 1,7 milhão que seriam utilizados para comprar a documentação –, ilustraram com papéis o montante de dinheiro e mostraram as caras dos petistas envolvidos no escândalo. Nomes como Waldomiro Diniz, Maurício Marinho, José Dirceu e Antônio Palocci também foram citados para falar de outras crises envolvendo o Planalto ao longo do atual governo. Todos os personagens foram ligados a Lula.

Os tucanos questionaram o fato de Lula afirmar não conhecer as tratativas para a compra da documentação: "Mais uma vez, Lula não sabia de nada. Mas como não sabe, se todos os envolvidos são ligados diretamente a ele?". O "Mais uma vez" foi referência ao mensalão, quando Lula reiteradas vezes disse não saber dos esquemas de corrupção que envolviam compra de votos de parlamentares.

Lula também não deixou passar em branco o escândalo que atinge o seu partido às vésperas da eleição. A estratégia foi mostrar vigor na reação ao caso. Ele lembrou os tempos de líder sindical e optou por explicar os motivos por que havia decidido afastar os petistas envolvidos no episódio que classificou como "operação obscura".

O presidente disse que espera a mais dura punição a culpados e afirmou que, mesmo perdendo em eleições passadas, nunca havia lançado mão de dossiês para tentar obter qualquer vantagem eleitoral. Lula voltou a falar – como faz desde a época do escândalo do mensalão – que os brasileiros têm a impressão de que há mais corrupção porque o combate a esse crime é mais rigoroso agora.

O petista trouxe número de operações da Polícia Federal para comparar feitos do atual governo com o passado – sob comando do tucano Fernando Henrique Cardoso. Dizendo que só concorre à reeleição porque sabe que poderá fazer melhor, Lula se despediu dizendo que, como qualquer ser humano, "sofre e se decepciona", mas que não pode inocentar petistas envolvidos com o Dossiê Cuiabá.

Além de Alckmin e Lula, Heloísa Helena e Cristovam Buarque também falaram sobre o escândalo no horário gratuito em rádio e TV.

JANAÍNA SILVEIRA
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