| 30/08/2006 16h05min
O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, disse, em entrevista a colunistas do jornal O Globo, nesta quarta, que a série de atentados do crime organizado em São Paulo é uma reação ao combate feito pela polícia do estado. Indagado pelo colunista Ancelmo Góis se a onda de ataques de facções criminosas ao estado de São Paulo seria responsável por sua queda de desempenho nas pesquisas, ele respondeu:
– Não tenho informação detalhada. Ajudar não ajuda, mas não sei se atrapalha. A gente começa a subir nas pesquisas e aparece um novo ataque. É uma enorme coincidência e de geração espontânea.
O ex-governador de São Paulo afirmou ainda que se os líderes da facção criminosa não tivessem sido transferidos para penitenciárias não estariam reagindo assim. Segundo o ex-governador, os chefes do crime precisam mostrar força, por isso organizam os ataques. Alckmin afirmou que os atentados são feitos pelo "quarto escalão do tráfico".
– Querem interferir no processo eleitoral, isso é óbvio. Apareceu eleição, a coisa recrudesce. Na Colômbia a política migrou para o crime, no Brasil o crime migra para a política. O governo tem que agir com firmeza – disse, para acrescentar, porém, que não acredita na ligação do PT no processo, em resposta a uma pergunta do colunista Arthur Dapieve.
E arrematou:
– Não querem que eu me eleja.
O candidato tucano disse também que a violência recrudesceu porque a eleição está próxima, mas descartou a ligação do PT no processo.
– Estamos com os principais índices de criminalidade em queda em São Paulo. Tiramos das ruas 90 mil bandidos, criamos 75 penitenciárias, três de segurança máxima. Em todo lugar do mundo o crime organizado, quando é enfrentado, ele reage.
O tucano voltou a criticar a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição nos debates. Segundo o candidato tucano, o presidente foge do contraditório e só gosta de monólogos. Alckmin apostou ainda num segundo turno:
– Meu adversário começou a atacar porque ele sabe que vai ter segundo turno. E o segundo turno é uma nova eleição. Ele terá grande dificuldade. Por isso, o esforço enorme de evitar o segundo turno. Ele foge de todo contraditório. Só gosta de monólogo. Gosta de falar e ser ouvido. Agora, no segundo turno será diferente.
O candidato tucano minimizou ainda sua queda nas pesquisas de intenção de voto. Segundo ele, as grandes viradas costumam ocorrer às vésperas da eleição.
– É preciso cautela com as pesquisas. As grandes viradas ocorrem no final. Se fizer pesquisa espontânea, 50% não têm candidato. Quando faz a estimulada, vale o nome mais lembrado. A população vai tendo mais interesse pelo processo eleitoral mais próximo – disse o tucano, lembrando passou o Maluf nas pesquisas a dez dias das eleições para o governo de São Paulo.
AGÊNCIA O GLOBO