Discursos de compromisso com a ética e repúdio a esquemas de corrupção, como o mensalão e a máfia das sanguessugas, deram a tônica no discurso dos candidatos a deputado federal durante o primeiro dia de propaganda eleitoral obrigatória em São Paulo.

Candidatos envolvidos em escândalos apareceram discretamente nos programas de seus partidos. Alguns admitiram o erro, fazendo uma espécie de mea culpa com o eleitor. Denunciado 41 vezes por crime de improbidade administrativa, corrupção passiva e peculato, além de ser apontado com um dos mentores do "mensalão", o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, que concorre a uma cadeira na Câmara, fez nova confissão ontem.

– Durante 15 anos fui deputado federal, mas quando eu trazia mais investimentos para nossas cidades eu cometi um erro. O meu erro foi receber recursos não declarados para a eleição presidencial de 2002. Paguei caro por isto. Renunciei ao meu mandato. Aí eu só tinha dois caminhos: deixar a vida pública ou recomeçar. E foi o que eu fiz – afirmou o ex-deputado.

Costa Neto renunciou ao mandato no dia 1º de agosto do ano passado, após ter confessado que recebeu R$ 6,5 milhões do caixa dois do PT para a campanha eleitoral de 2002.

Ainda mais magro e um pouco abatido, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, candidato a deputado federal pelo PT, declarou que pretende concluir o trabalho realizado no governo se eleito para a Câmara, antes de pedir voto ao presidente Lula.

– Fiz minha parte como ministro da Fazenda. Agora quero completar esse trabalho como deputado federal – disse.

Palocci deixou o Ministério da Fazenda no dia 27 de março após ter sido acusado de envolvimento na quebra ilegal de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que dias antes havia revelado em entrevista que o ex-ministro freqüentava uma mansão alugada por lobistas em Brasília. O caseiro afirmou ter visto dinheiro chegar em malas e ser dividido na casa.

Bem comportada, a deputada federal petista Ângela Guadagnin, candidata à reeleição, que tornou-se nacionalmente famosa ao protagonizar a Dança da Pizza ao comemorar a absolvição do deputado João Magno (PT) pela Câmara no caso do mensalão, discretamente pediu votos para Lula. Os deputados Ildeu Araújo e Irapuan Teixeira, do PP, que estão envolvidos com a Máfia das Sanguessugas, tiveram apenas suas fotos e números divulgados no programa do partido.

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