| 31/07/2006 14h56min
A CPI das Sanguessugas já sabe quantos e quais parlamentares podem ser indiciados no escândalo da máfia das ambulâncias. O sub-relator de sistematização da comissão, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), vai entregar nesta segunda-feira ao presidente da CPI, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), dois disquetes de computador, indicando as provas contra cada um dos notificados. Pelo menos 40 parlamentares estariam correndo risco de ter o mandato cassado.
A CPI afirma ter provas incontestáveis do envolvimento deles com as fraudes nas compras de ambulâncias com dinheiro público. Mas a investigação não terminaria. A comissão precisa de mais tempo para fundamentar as denúncias contra outras dezenas de parlamentares.
Carlos Sampaio concluiu na noite de domingo a análise das provas contra os suspeitos de participar da máfia dos sanguessugas. Seu texto separa os acusados em quatro categorias: os que foram apenas citados; os que devem passar por novas investigações; os que aparecem em depoimentos e documentos da empresa Planam; e o último grupo, em que há provas definitivas de envolvimento com o esquema de corrupção.
– E existem outros depoimentos que dão credibilidade ao depoimento de Vedoim (dono da Planam), como o livro caixa da empresa e o depoimento de Maria da Penha Lino (ex-assessora do Ministério da Saúde) – disse Carlos Sampaio.
O deputado não quis revelar as conclusões do relatório, mas disse que o Congresso nunca teve provas de corrupção contra tantos parlamentares ao mesmo tempo.
– Se todas as provas entendidas como provas robustas forem apreciadas pelo plenário, eu não tenho a menor dúvida que, infelizmente, será um dos maiores episódios de cassações vivenciados pelo Congresso – declarou o sub-relator da CPI.
Técnicos da CPI que tiveram acesso aos documentos asseguram que há provas incontestáveis contra 40 parlamentares. Ao separar os notificados em grupos, 16% receberam a propina em depósitos na própria conta ou de parentes; 27% receberam na conta de assessores; 6% na conta de outras pessoas indicadas pelos parlamentares; e 23% em dinheiro, pago diretamente pelos empresários da máfia das sanguessugas.
A expectativa agora é pelo depoimento de Luiz Antonio Vedoin, dono da empresa Planam, que fornecia as ambulâncias a preços superfaturados e coordenava a máfia. Ele já falou à Polícia Federal, à Justiça e agora vai conversar com os parlamentares, tudo em sigilo.
AGÊNCIA O GLOBO