| 31/07/2006 09h24min
Armando Faour, 37 anos, fez o caminho inverso da maioria dos brasileiros que estão deixando o Líbano. No quarto dia da guerra, chegou a Beirute para ajudar a mulher e as filhas, que tiveram de deixar as áreas atacadas por Israel. Libanês nascido no bairro de Dahi, Armando se mudou aos 18 anos para Foz do Iguaçu e se naturalizou brasileiro, mas mantém um apartamento na área bombardeada e laços com integrantes do Hezbollah, muitos deles vizinhos ou amigos de infância.
– Esses caras estão derramando o sangue por nós. Se estou aqui, é porque minha família teve de sair do sul do Líbano quando Israel invadiu – afirma. Armando refere-se à invasão de 1982, quando a milícia foi criada para combater a ocupação israelense. – A gente apóia porque é o único que faz a resistência – diz. Sobre o painel do carro da família, há uma foto do líder do Hezbollah, xeque Hassan Nasrallah. A imagem do líder também está na tela do celular. Armando tem amigos que estão lutando no sul do país. Ele próprio gostaria de estar lá, porque considera que o grupo está ajudando o Líbano a ser independente. – Se você conversar com alguém que perdeu o pai, a mãe e perguntar se essa pessoa está triste, ela vai dizer que é o destino dela. Morre um filho, há três outros para a resistência – explica. Os parentes saíram do Khyiam, no sul do Líbano, e foram para a casa de familiares no centro de Beirute. Enquanto não decide partir de volta ao Brasil, Armando ajuda as famílias que estão tentando deixar o país. – Meus pais dizem que preferem ficar aqui, morrer aqui, se for preciso – conta ZERO HORA