| 30/07/2006 15h15min
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pediu hoje ao Conselho de Segurança da entidade (CS) que condene o ataque israelense em Qana, no qual morreram pelo menos 57 civis. Entre as vítimas, 37 eram crianças. Além disso, Annan pediu um cessar-fogo imediato no Líbano.
– Devemos condenar esta ação da forma mais direta possível. Estou profundamente desalentado pelo fato de meus apelos para um cessar-fogo imediato das hostilidades não terem sido ouvidos, e o resultado é a perda de mais vidas inocentes e sofrimento – declarou Annan. Manifestantes em Beirute invadiram hoje as dependências das Nações Unidas na capital libanesa. Eles protestaram contra a ofensiva israelense por causa do massacre em Qana. Annan comentou que o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, lhe comunicou que não estaria mais envolvido em negociações diplomáticas até que fossem detidos os ataques de Israel.– A autoridade e a reputação do Conselho de Segurança estão em jogo. O povo se deu conta do fracasso na hora de atuar com firmeza e rapidez durante a crise – afirmou Kofi Annan.
Annan reiterou que ninguém duvida do direito de Israel à legítima defesa, mas que a forma com que o país está atuando está causando mortes e sofrimento em proporções inaceitáveis. O secretário também ressaltou que deve ser negociado um cessar-fogo sustentável, que inclua o fortalecimento do governo do Líbano e o desarmamento do Hezbollah.
O chefe de operações da Força Aérea israelense, o general-de-brigada Amir Eshel, disse hoje que as primeiras investigações sobre o bombardeio em Qana, revelam que o edifício foi bombardeado horas antes do desabamento.
– O bombardeamento do edifício aconteceu entre meia-noite e 1h da madrugada (horário local), e os relatórios procedentes do Líbano sobre o edifício que tinha sido destruído chegaram apenas entre 8h e 8h30min – afirmou.
Segundo Eshel, para o Exército, não está clara a diferença de horário entre o bombardeio e o desabamento do prédio. O militar reconheceu que, embora o edifício não tenha sido bombardeado no momento em que desabou, às 7h30min (horário local) houve outro bombardeio contra alvos a 460 metros do imóvel atingido.
Israel reconheceu a autoria do bombardeio em Qana, mas responsabiliza a milícia Hezbollah e o Líbano porque o grupo xiita se defende por trás de civis e o segundo permite que isso aconteça. Kofi Annan também lembrou que nos 18 dias de combates até agora morreram cerca de 600 libaneses nas ofensivas militares israelenses. O conflito também fez com que 500 mil pessoas deixassem suas casas em busca de refúgio. AGÊNCIA EFE