| 28/07/2006 00h34min
Passageiros que chegam ao Brasil em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) estão criticando as acomodações e a alimentação oferecidas aos que ficam na Síria e na Turquia esperando a vez de fugir da guerra. A questão foi levantada numa entrevista coletiva concedida ontem, no Itamaraty, e confirmada pelo coordenador do grupo de apoio aos brasileiros no Líbano, Everton Vargas, que no entanto defendeu o trabalho da diplomacia brasileira.
O embaixador disse que o Itamaraty está fazendo o melhor que pode e tentando compensar problemas como falta de energia e água em Damasco, capital da Síria.
– Não estamos oferecendo hotéis cinco estrelas, mas estamos oferecendo o que é possível num ambiente extremamente difícil. Sei de críticas e as respeito, mas nossa preocupação é em primeiro lugar com a segurança. Temos que tirar as pessoas da zona de conflito.
Ontem, chegaram mais dois vôos com brasileiros que saíram do Líbano – um da FAB, com dois estrangeiros (uma criança libanesa e uma senhora paraguaia), e outro da TAM, chamado de “vôo dos bebês” pelo embaixador, por ter trazido 26 crianças de colo. Até então, as autoridades estavam evitando embarcar crianças de colo por causa do desconforto, já que o trajeto é longo, explicou Vargas.
Nesta sexta, um avião da FAB deve trazer mais 80 pessoas. O embaixador também informou que não foi organizado mais nenhum comboio para retirar brasileiros do Vale do Bekaa, região de difícil acesso perto da fronteira do Líbano com a Síria. Segundo Vargas, há pessoas que não querem sair da zona de conflito porque não querem deixar seus pertences nem suas casas.
– Ao mesmo tempo que temem os bombardeios, temem deixar abandonada toda a construção de uma vida.
Mas Vargas disse que as operações de resgate no Vale do Bekaa não serão suspensas enquanto houver brasileiros querendo sair da região. Ele também informou que o consulado do Líbano em São Paulo abriu uma conta corrente para receber doações, no Banco do Brasil, agência 1606-3, número 200004-0.
AGÊNCIA BRASIL